terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SUPER LANÇAMENTO


QUANDO FALAM AS FLORES
Um Romance do Tempo

... “Um Romance que viverá em sua alma, uma história que jamais morrerá”.

Eliel Eugênio de Morais
Coleção Goiânia em Prosa e Verso
Editora da UCG – Editora Kelps



115 páginas - R$30,00 - Incluindo despesas de envio
Entre em contato e desfrute de uma deliciosa leitura
elieleugenioemorais@hotmail.com


Eu sem ti, a esperar...


Cada dia penso em ti,
Cada dia um pouco mais em ti,
Como um náufrago que busca um porto seguro,
Como o pobre que anela um bem querer,
Talvez, até,
Como uma estrela errante anela o lugar onde se escondem as luzes...
É como o poeta que,
Esperneantemente,
Procura o lugar onde se esconderam as palavras...
E, de repente,
Saltaram de dentro de si,
Como um uivo,
Um capelobo que busca e traga sua presa,
E, depois,
Deixa os restos,
Largados numa atitude de quem já saciou sua fome.
É que, essa fome, na minha alma a esperar,
Nunca foi mesmo como o capelobo,
Porque nunca se fartou... Porem, ironicamente, deixou pedaços da presa pelo campo.
Pedaços,
Como a vida do náufrago que se esvai...
Esse náufrago sou eu a pensar em ti,
Sou o pobre que definha na imaginação do teu corpo...
A fome de ti é caçadora,
Um capelobo,
Que me achou numa casa deserta, arrombou suas portas,
Defraudou sua segurança,
Despedaçou o que me restava de lucidez,
Depois se foi...
E deixou os restos de sua caça.
Eu sou esse resto, a te esperar, ainda numa insana esperança,
Como se os lugares ocultos das estrelas pudessem ser revelados...
É que minha esperança é como o lugar onde nasce a poesia no coração do poeta,
Uma nascente de fantasia.
Assim é que fico,
A pensar,
Um pouco mais,
De qualquer coisa que restou da ferocidade do capelobo,
Qualquer coisa que seja a mais de ti.

Eliel Eugênio de Morais

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O espírito com letra minúscula - O Rio da Casca



Regressávamos de uma longa viagem, a família toda dentro de um desses carros populares que o orçamento de um pastor permite possuir. O apertume lá dentro nos fez parar na Chapada dos Guimarães, só para esticar o corpo e sorver a liberdade do ar. Entrei por uma trilha pequena às margens do Rio da Casca... E as lembranças vieram como uma ventania e fluíram pelo cheiro do cerrado. O chão era igual ao que eu pisava nos dias de menino entre uma fazenda e outra nos rincões de Goiás. Toquei a marmelada e o murici... Lembranças sem preço de um tempo sem pressa. Agradeci o dom de sentir. As crianças se atiraram na água, deleitando-se no frescor de uma cachoeira sem igual, muitas cachoeiras e, cada uma, ímpar. Eu, ferido de beleza pelo dom de ser humano, encharcado de gratidão pela paz celestial e pela alegria terrena que me invadia.
Fui ao livro de Ezequiel no Velho Testamento e me pus a refletir no espírito dos ossos secos. O tempo daquela figura remetia aos dias logo depois da destruição de Jerusalém no século V antes de Cristo. Uma cena de morte como nas antigas batalhas. O profeta dirigiu sua palavra a um povo perdido, massacrado pela guerra e pela perda de sua cidade e suas pessoas, uns, perdidos para a escravidão e, outros, degolados pela espada. Aquele Vale de ossos era a figura da alma dessa gente. Foi na mistura dessa visão do profeta e a trilha livre do Rio da Casca, que descobri uma coisa ímpar. Deus pergunta ao profeta se aqueles ossos poderiam viver e lhe ordena que profetize ao espírito afim de que vivam. A palavra “espírito”, proferida ali, aparece com letra minúscula, o que significa que se referia às coisas humanas. Que revelação grandiosa e cruel... Era uma multidão de securas porque perderam o que era humano. O espírito veio dos quatro ventos, conforme a profecia, e soprou sobre os mortos do vale. Somente depois, lá no fim do episódio, surgirá o Espírito com letra maiúscula, aí sim, referindo-se às coisas do céu.
Assim, entre o livre vento da Chapada dos Guimarães e o Vale de Ezequiel, pude reavaliar o encanto que Deus tem pelas coisas de nossa alma. Coisas minúsculas. Viver sem isso seria passar pelo mundo como os ossos secos de um vale qualquer, escravo das perdas, da espada e da gula pelas coisas que julgamos necessárias. Afinal, não foi o próprio Deus quem primeiro referiu-se ao espírito com letra minúscula, que os mandou ficar de pé e, só depois de recuperar o que era minúsculo, falou sobre a profecia do maiúsculo?
As cachoeiras e os caminhos do Rio da Casca são muitos, seus ventos, inumeráveis... Outra revelação. O texto de Ezequiel diz que os ossos eram numerosos. Quanta gente ainda quer o maiúsculo sem se preocupar com as coisas menores, abraçando um erro simples que, dia após dia, sem que se perceba, aumenta o numero dos ossos secos no vale. Por isso faço minha a sentença do profeta: “Ossos secos, ouvi a palavra”... E não se surpreenda se ela começar com letra minúscula!


Paz para você e a gente se encontra pelas letras da palavra...



Eliel Eugênio de Morais
Pastor