terça-feira, 22 de setembro de 2009

FIM DO INVERNO




Hoje chegou a primavera. E veio com chuva. É o fim do inverno, justo ele que tanto esperei. E foi breve. Seco para parecer longo, frio para fazer doer e belo para ser efêmero. Então, foi completo, e assim, acabou meu tempo preferido do ano. Porém, dizem os poetas, que o mês de setembro é o mais sensível dos meses. Com ele vem as primeiras chuvas e, com elas, a primavera. Salomão disse que a primavera é como cochicho de Deus aos nossos ouvidos, porque revela o fim de um tempo e o começo de outro. O fim está nas expressões: “cessou o vento”, “cessou a tempestade”, “cessou o frio”. O começo revela-se numa outra fala: “o tempo de cantar chegou”, “os pássaros festejam”, “aparecem as flores na terra”. É fim e é começo.
Assim ela chega, e essa crônica reflete em duas coisas. A primeira é que ela é como quem chega à plenitude da vida. O mesmo Salomão chama isso de “primavera da vida”. É como uma crisálida pronta a se abrir. Crisálida é coisa latente. A vida é latente dentro de nós, como a primavera é latente nas estações. E a palavra sagrada diz que isso tudo é vaidade. Palavra dorida, porém, reflexiva. É que tudo é breve como foi o meu inverno. Salomão fala de recrear o coração, andar pelos caminhos que enxergam os próprios olhos. O tempo é quase vazio, por isso vem o conselho: “afasta, pois, a ira do teu coração, remove da tua carne o mal, pois a juventude e a primavera da vida são vaidade”. Ou seja, efêmeros e breves. A segunda coisa que faz pensar esse texto é a fala de um poeta cujo nome me foge à memória. Ele diz: “tenho saudade de mim mesmo”. Ele parece ter estado no dia de hoje ou se debruçado sobre as páginas do eclesiastes. Fala de uma saudade sob aparência de remorso, do tanto que não foi a sós consigo mesmo. Que palavra reveladora e triste. Em plena primavera, que já vai, você e eu podemos fazer a mesma coisa do velho poeta. Pode-se deixar o coração cravado pela ira e, ainda, ver os dias vagos irem embora com a carne corroída pelo mal. E o tempo se vai e perdemos nossa principal vocação que é amar, adorar, admirar... É por isso que o sábio disse que a primavera é vaidade. O poeta de quem falei termina sua reflexão, visto que não há vida sem ela, falando de sua alta ausência de si mesmo. Tudo é veloz, tudo pode ser vago se a alma não admirar, não se curar, não adorar!
Dito isso, foi-se embora meu inverno, bem – vinda primavera! Com ela sempre vem uma chuvinha refrescante, parábola da presença de Cristo na alma humana. É tempo de flores, tempo de as aves cantarem, porém, tempo breve, uma parábola de nós mesmos, visto que brevidade é nossa marca. Então, ela será como meu ido inverno, terá alguma dor para ser longa, alguma ausência para doer e algum significado para ser bela. Completa será, como completas são as coisas de Deus para conosco.

Paz e que você tenha uma feliz primavera...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 22 de Setembro de 2009.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

COM O OLHAR DE UMA CRIANÇA







Bem que Jesus disse que dos pequenos é o reino dos céus. Melhor ainda, disse que se não recebermos o reino como um pequeno, jamais faremos parte dele. Isso é complexo e pode ser mais abrangente do que parece. Uns dirão que Cristo usou a criança para falar da pureza. E pode ser uma boa verdade. Bem sabemos que pureza é palavra custosa aos adultos. Pureza é falta de malícia, de planos sujos, ciúmes, e por aí vai. É a presença de outras coisas, as que polarizam essas citadas. Por si só, essa palavra já é complexa. Outros dirão, e bem dirão, que a criança é a figura do imerecimento. Ela não espera merecer para receber, apenas confia que é amada. Aí pode estar um dos maiores segredos do reino dos céus.
Pois foi assim. Era noite e eu vinha da lanchonete com minha pequena. Ela tem sete anos. Ao passarmos por uma esquina escura, alguns outros pequenos com outros, não tão pequenos, tentaram esconder-se. Fumavam e drogavam-se. Perguntei à minha filha se ela sabia o que estava acontecendo. Ela disse que sim e falou do que viu. Disse que aquilo era triste e a amedrontava. Eram só crianças. Em casa, um outro dia, quando já era domingo e eu teria que preletar na igreja, ela quis saber: “você vai falar do que vimos”? Eu disse que não, era só um grupo de crianças. E ela continuou: “então, vai escrever sobre isso”? E eu perguntei por que. A resposta foi simples: “São meninos, e falar do que vimos, pode ajudar”.
Foi uma visão simples. A pequena que estava comigo nunca questionou se merecia ser amada ou partilhar de uma igreja que está aprendendo a amar. Recebe isso e, simplesmente, aceita. Talvez por isso tenha sentido tão naturalmente o que sentiu pelos meninos na esquina escura. A visão simples foi dela, porém, a lição abrangente disso tudo, é para nós. Pense nisso em duas direções: a primeira é para os que estão limpos. Não nos dói a sujeira deles? A segunda é para os que estão perdidos, esses que estão nas esquinas, aflitos e sem claridade alguma, escondidos e escondendo-se. Receber o reino de Deus é como se tornar criança outra vez. Não há merecimento nisso, simplesmente ao Pai agradou fazê-lo. É por isso que meretrizes e pecadores se adiantam a muitos religiosos e desfrutam o amor de Deus, deixando para trás o lodo visguento de vidas chafurdadas pelo rancor, vícios, pela escuridão da ausência de Deus. É simples assim e é abrangente assim.
Se falar disso ajuda, então dito está. É preciso que aprendamos a ver o reino dos céus pelos olhos de uma criança. O que às vezes não pensamos é que meninos e meninas numa esquina qualquer, sorrateiros e desconfiados, envenenando seus corpos e suas almas, façam parte desse reino que dizemos amar. Ao menos, aos olhos da minha pequena, eles não estão excluídos.

Paz e a gente se encontra pelos olhos de uma criança qualquer....

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 17 de Setembro de 2009.

VINTE QUILÔMETROS






Foi na conferência anual da Missão. Palavras simples, mas de imensurável valor, encharcaram nossas almas. Coisas elementares e, por isso mesmo, imprescindíveis. Verdades assim: caráter, poder, aprendizado, missões nos cinco continentes e amor. De todos os lados e para todas as direções, amor, o caminho sobremodo excelente.
Eu vinha pela estrada. Havia deixado os amigos preletores no aeroporto. Amigos da adolescência. Ah, adolescência!... Quão doce é a condenação de não poder livrar-me dela. E foi na estrada, pensando nas palavras, que meu espírito foi encharcando-se de gratidão. Pensei na minha cidade, na igreja, no Deus que sempre foi a razão de tudo isso. Então, falei sozinho, por mais de vinte quilômetros, na solidão do carro a correr e da chuva fina que refrescava a quentura do começo de setembro. Falei como que uma língua desconhecida, que não pudesse ser decifrada, mas que eu sabia bem: era gratidão e esperança! Então, a chuva cessou e o caminho acabou. Colorado do Oeste chegou para o fim da minha curta viagem.
Porém, ficou o som da estrada. Uma palavra viva, vinda de um idioma que nem parecia existir, como se cada sílaba dançasse junto com os pingos da chuva. A gratidão era por saber que minha alma se prostrava diante do Rei e isso a livrou de prostrar-se diante de outros homens, de suas falcatruas e prostituições. E ficou a esperança. O que fazer com tanta beleza? Lembrei-me do ipê cor das rosas no mês de agosto: como pode haver tanta beleza em meio a tanta dor? É aí que a esperança achada nas palavras do começo desse texto lança seus tentáculos de fé e amor, visto que são gêmeos. Onde há um o outro está. Se as palavras partilhadas naquela conferência foram flechas atiradas pela esperança, então os meus vinte quilômetros estão certos. O que fazer com tudo isso?
Tem uma igreja. Igreja são pessoas. Então, tem pessoas que se acham feridas por essas palavras. E a esperanças são elas. Pessoas fora dos templos, como caçadores, para caçar os aflitos, os perdidos, os que estão cegos e chafurdados na cegueira. E as palavras desses caçadores são mesmo simples: caráter, amor, aprender sempre, missões...
E a adolescência que voltou aqui por poucos dias, se foi de vez... Ficou a gratidão e o amor, parceiros da esperança, esses que não são vulneráveis ao tempo. São sim, cúmplices de palavras que podem mudar, ganhar o coração de pessoas de dentro e de fora. Até porque também nossa adultice está indo embora, vulnerável que é ao tempo. Então, o fim é, coração e pés, do lado de fora, embalados pela esperança.


Paz e a gente se encontra pelos quilômetros de uma estrada qualquer...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 17 de Setembro de 2009.

sábado, 12 de setembro de 2009

INFORMANDO

MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
UMA VISÃO DE AMOR

Biguá
Informativo de campo da Missão Renascer
No. 20 - Edição em Setembro - 2009
missao.renascer@hotmail.com





PR Alessandro Jordão - Conferencista

Notícias de Campo
CONFERÊNCIA ANUAL
OS IMPACTOS DA IGREJA SAUDÁVEL E CRESCENTE

AmorCaráterPoderEnsinoMissões nos Cinco Continentes
Aconteceu nos dias 05 e 06 de setembro/09 na cidade de Colorado do Oeste – RO. Foram dias inesquecíveis de saúde e crescimento. Tivemos a participação das Igrejas de Deus de Pimenteiras do Oeste, Cerejeiras, Vilhena, Cacoal e Jarú, além, é claro, da anfitriã, Colorado do Oeste. Vieram de Goiânia os preletores: Pra Maria Ruth, PR Alessandro e Vanda Jordão. Foram dias de impacto e esperança para a igreja no seu propósito de um crescimento saudável.
Rio Paraguá - Afluente do Guaporé - Bolívia
MINISTÉRIO - RIBEIRINHOS

Prosseguimos com o alvo de estabelecermos uma Igreja no povoado boliviano de Remanso. Ainda este ano mais uma equipe descerá o Rio num projeto de assistência social e evangelização. Devagar estamos alcançando o propósito de fundação da primeira Igreja de Deus ribeirinha no Vale do Guaporé.


ALÔ MISSÕES
RECADOS AO BRASIL
E AO MUNDO

ANASTÁSIS
Está voando em seu primeiro ano de idade. Trabalhando permanentemente com a oficina das mãos, escola de dança e de música, escola de esportes e outros meios dos quais o programa lança mão. Temos estabelecido parcerias importantes com escolas, poder público judiciário e igrejas. É o braço mais forte hoje da Missão em Rondônia. O elo com a igreja de Deus de Cerejeiras, que tem feito seu papel de corpo, tem sido fundamental no crescimento e desenvolvimento deste projeto.

LAR TERAPÊUTICO ANASTÁSIS
Formação de Obreiros - Cerejeiras - RO

Um sonho que toma forma. Já está funcionando o lar terapêutico, que é uma casa feminina de recuperação. Todos os procedimentos jurídicos, administrativos e operacionais já estão em funcionamento. As primeiras internas já chegaram! É um programa que envolve grande equipe, coragem e disponibilidade. Entre em contato com a Missão Renascer ou a Igreja de Deus em Cerejeiras e saiba mais desse imenso desafio que Deus nos tem presenteado.

ESCOLA DE MISSÕES – A escola prossegue com a terceira turma em 2009/2010 com um modelo renovado. As matriculas já estão abertas e o nosso propósito é contribuir na formação de lideres para o campo e para a igreja local. Informe-se tenha uma formação de alto nível teológico e ministerial.

CONSTRUÇÃO 2009 – Visando ampliar o atendimento diversificado do Anastásis com: Oficina das mãos, Conselheria, Escritórios, dança, música e outros, transferimos toda a base de operações para a sede da Missão em Cerejeiras. Para isso fez-se necessário ampliar e reformar a casa e modificar sua disposição interna. Agradecemos a colaboração e a paixão de todos os que se envolveram neste projeto.

CIDADE REFÚGIO – COLORADO DO OESTE

Está começando. É uma versão localizada do Anastasis que será efetivado pela Igreja de Deus em Colorado do Oeste. O alvo é: abertura de uma nova igreja, oficina das mãos, escolas de música e dança e serviços a hospital e prisão. Oremos e sonhemos!






Povoado Ribeirinho despedindo-se da equipe

PFM - PROJETO DE FÉRIAS PARA MISSÕES 2009

Ocorrerá ainda ano. Há ainda vagas abertas. Você doará seu tempo e receberá uma experiência única de campo. Solicitamos dentistas, enfermeiros e médicos que possam doar uma semana de seu trabalho num povoado ribeirinho boliviano.

FALE CONOSCO
Fones: (69) 3341-4080 – 9224016 - 3342-2834
Missao.renascer@hotmail.com

Você está sendo convidado a participar desse sonho e dessa realidade. Conheça mais sobre o programa da Missão Renascer e as possibilidades de você contribuir, participar e vir conhecer nossa terra.

CONTRIBUA
Contribuições para
Missão Renascer
Conta corrente 5553-0
Agência 1504-0
Bradesco
FAÇA ALGO VIVO POR MISSÕES!
Rua Pernambuco, 4191, Colorado do Oeste – RO – CEP: 78996-000 Fone (69)3341-4080 – 92240116
Rua Florianópolis, 1265, Cerejeiras – RO – CEP: 78997-000 – Fones (69) 3342-2834 e 9225-0081


PR Eliel Eugênio de Morais
Presidente

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COMO ÁGUA PURA


Espírito Santo,
Sinto-te como águas que se rasgam...
Minha alma é um rio,
O Senhor é o conteúdo que se move nesse rio,
Que rasgam as águas,
Muda-lhe a substancia e domina o remanso do leito...
Te sinto na alma e conheço no pensamento,
Quase posso ver-te ao meu lado...
Tua voz é doce e persuasiva,
Teus ensinos,
Estranhos,
Porém, profundos!
Sou maravilhado pelo que sabes e pelo que me dás a conhecer,
São verdades sublimes e tão minhas,
Ou tão diferentes das que os outros dizem,
Que vejo que és assombroso...
Teus pensamentos e modos de ação maravilham-me.
E o que mais me fica na alma,
É a comunhão que dás ao meu espírito,
Contigo mesmo.
Falas e respondo,
Pergunto e me ensinas,
Fazes-me saber o que outros não sabem,
Entender e sentir o que não é percebido...
Espírito Santo,
O mundo não te conhece porque não te vê e nem te compreende,
Tomam teu nome em ações puramente humanas,
São almas feridas,
Pobres,
Ressentidas...
Tu és consolador profundo,
Rico em segredos da alma,
Livre no louvor!
Ah, se o mundo te conhecesse,
Se homens e mulheres soubessem de ti!
Minha alma se rasga para conhecer tua consciência,
Sou como a água que o Senhor navega...
O mundo tem palavras de superficialidade, e nada sabe,
Porque nunca te entendeu...
Porém, a água que corre no leito se abre ao navegador...
Espírito Santo,
Estou dizendo do campo e chamada missionária,
Estou vendo pelas ovelhas superficiais que não sabem de ti.
És para mim como a brisa que se rasga,
E envolve o rio,
Flui para suas margens...
Isso sei que entendes!
Então és tu que se move junto às águas que vão...
Para onde vão?
Para o mar...
O rio é a alma que o Senhor rasgou,
O mar é o mundo para onde levas o rio...
Te amo Espírito Santo,
Preciso do teu saber e sabor,
Pensar os teus pensamentos,
Viver tua paz, que é inefável para mim!
Sei que o rio se dissolve no mar,
Acaba-se,
E passa a ser salgado...
Assim é o coração te admira e sabe da sua comunhão especial.
És Deus profundo!
Sei que o és aqui e no futuro...
E como é importante saber!



COMO AS BELAS CANÇÕES


Missões...
Às vezes é como uma música,
Bela música!
A música nos conduz a lugares e idéias que intensamente almejamos.
O que foi,
O que, ainda, deliciosamente é...
E o que virá!
Ah, quantas coisas virão!
Missões é assim,
Quantos lugares e idéias,
Ideais...
Porque vem do coração,
Coisas do Espírito Santo.
Coisas que foram e coisas que são...
O que é hoje?
Força, juventude,
Visão.
Coisas do futuro...
Ah, Deus! O que ainda virá?
Quantas Senhor?
Tantas coisas esse meu espírito almeja.
Vejo o tempo que vai,
É como uma canção, não se conhece pelo tato,
Não é vista pelo ar,
Sua beleza não está exposta como o ipê.
É apenas sentida,
Sem ver,
Sem tocar,
Manipular...
Mas que transforma,
Acusa,
E constrói!
A dor de missões é como a dor da música,
Pungente,
Sentida,
Sem testemunhas de lágrimas visíveis.
Sua alegria é por demais extraordinária...
Ninguém pode ir onde ela vai,
Revelar os segredos que revela,
Imaginar as idéias que traz.
Como a bela música,
É para amar,
Viver,
E sentir o paradoxo de sua nostalgia e extraordinária alegria...
Sem explicações!

SOBRE A CHUVA DE ONTEM


Ontem choveu em nossa terra. O cheiro livre do campo molhado, das árvores secas como que assustadas com tamanha dádiva de formosura e alívio, como um desfile de reivindicação pela vida. A chuva nos dias de seca é terapêutica e tem o dom de nos remeter ao passado, fazendo-nos trilhar por lembranças longínquas da infância, de outras chuvas, outro tempo e de quanta coisa, boa e ruim, já passou...
Ontem, quando ainda tinha os últimos respingos da chuva, alguém leu no templo uma palavra que, como a chuva, tem o poder de trazer à memória coisas que ainda não foram embora. A palavra mencionada lembra dias difíceis e a essência dela rememora o que aconteceu. “Se não fora o Senhor”... É como pensar na chuva de ontem e nas que vieram em todos os anos da infância, de lá até aqui. Se não fora a chuva na primavera tal, ou no verão de tal ano, se não tivesse chovido no outono daquela época, se não fosse a chuva no inverno de antes... É aí que as coisas se parecem. Uma é figura da outra. “Se não fora o Senhor” quando os homens se levantaram contra nós, “se não fora o Senhor” as águas teriam transbordado e a corrente levado a nossa alma, as águas impetuosas teriam prevalecido sobre nós...
Bendita foi a chuva de todos esses anos, bendita a secura que ontem, no fim da tarde, se rendeu a ela quando parecia que não mais viria. Eu andava pela rua vendo o morrer do dia. Ela veio, surpreendente, e eu corri, as crianças correram e nós, benditamente, nos molhamos e, a terra, adoravelmente, se molhou. A figura se repete. “Bendito seja o Senhor” que em todo esse tempo não nos deu por presa aos dentes dos caçadores de almas. Como na surpresa da terra com a chuva, a nossa alma escapou como um pássaro do laço do passarinheiro. O laço se quebrou e nossa alma voou livre. Foi como no fim da tarde de ontem. Se não fosse aquela chuva... Porém, ela veio! Deus é assim ao derramar sua palavra e libertação sobre os povos ou quando se refere a apenas uma alma solitária, é que todos, alma e povos, sofremos do pavor e da secura. E a palavra de Deus é como a chuva na terra seca de agosto. É surpreendente, curadora, revigorante.
Me encontro como o rei do texto referido. Ele diz: “Ah, se não fora o Senhor”... Comparo sua palavra com a chuva de ontem antes do anoitecer e todas as dos anos anteriores. O que teria acontecido se elas não tivessem vindo? A mesma coisa que teria acontecido com a minha alma se Deus não tivesse enviado sua libertação e palavra. O próprio texto do Rei explica: teríamos sido tragados pelos dentes do caçador, a correnteza teria consumido as nossas almas... Porém, choveu. Choveu pelo tempo e choveu ainda ontem e choverá pelos dias vindouros, chegará mesmo o tempo em que choverá torrencialmente. Tudo tem seu tempo. A palavra de Deus e sua libertação também.

Paz e a gente se fala pelas chuvas que ainda virão...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 26 de Agosto de 2009.