terça-feira, 10 de novembro de 2009



A outra maneira de dizer

A literatura tem coisas que só ela pode oferecer. A palavra posta no papel nunca é só o que está lá, o óbvio, aos olhos de quem lê. As letras dançam, tem vida própria, escondem-se e se revelam, parecem-se com uma dançarina sedutora que tem passos para lá e para cá, de um lado e de outro, escrevendo no palco um convite ao drama que querem mostrar. As letras se divertem assim, mas também se comovem, choram e riem e nos levam com elas, até porque o drama delas é o que se conta das nossas próprias vidas.
Vi isso na outra maneira de dizer a palavra dos filhos de Coré no Velho Testamento. As letras se formaram, ás centenas, num canto de peregrinação que celebra a Deus, o hospedeiro do templo. É que esse Deus cantado é uma fonte de alegria e felicidade, graça pura, para os peregrinos e para os moradores do templo. É um salmo gradual e pode-se dizer também, uma música das subidas, aquela entoada durante a caminhada dos peregrinos. Qual a outra maneira de dizer isso? Seria onde a religiosidade realmente acontece, aquele lugar que muda a alma do caminhante, que faz dele uma pessoa com menos pedaços quebrados pelos visguentos defeitos e pecados.
E tem o Vale do Bálsamo... E uma outra maneira de falar dele... Um vale de lágrimas. Era o lugar das árvores que choravam. Uma plantação de amoreiras que tinha o formato de lágrimas – Uma figura da alma de quem escreveu o poema ou de qualquer outro peregrino. Era ali a última etapa da peregrinação e ficava numa encruzilhada das estradas que vinham do norte, do oeste e do sul. E a palavra dança outra vez, é que Deus sempre nos acha nas esquinas. O texto de lá diz que a lágrima ou a cura dela não conhece limites, ela vem do sul ou do norte, do leste ou oeste. É que o encanto de Deus atravessa todas as fronteiras, cobre esse vale de bênçãos, como a chuva. Bênçãos para o espírito. A palavra de cá pergunta: como pode o ser humano, chafurdado na solidão, no vazio e nas relações quebradas, pensar que a chuva de bênçãos se refere somente ás coisas do corpo e das finanças? A outra maneira de ver isso é o sonho de Deus em partilhar e sarar a mente comum, curar a alma doente, reconstruir o espírito abatido e escravo de mesmices enfadonhas e vulgares. O texto de lá, junto com o de cá, vem falar de força em força, terraço em terraço, muralha em muralha... É que Deus também, de uma outra maneira, nos chama à força.
Por fim, mais vale um dia nos átrios de Deus do que em outra parte mil. Tem outro jeito de dizer isso também: mais vale um dia do modo de Deus do que mil dias a meu próprio modo. É mais gratificante um dia com Deus do que mil deles de acordo com a minha própria escolha. Escolhi a vida toda... E só uma vez que permiti a Deus escolher, valeu mais do que todos os dias que vivi!


Paz, e a gente se encontra pelos outros modos de viver...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 06 de Novembro de 2009.

Entre o dever e a beleza

Ocorreu há poucos dias e a sensação ainda está na minha alma e na minha carne. Viajávamos para Goiás em atendimento à convocação de nossa igreja para a convenção bienal da instituição. Íamos pelo Mato Grosso, pela estrada que serpenteia entre montanhas e cachoeiras na altura da Chapada dos Guimarães. E foi lá que nos vimos, eu e os que iam comigo, apanhados entre o dever e a beleza.
Começou na cidade. Um passeio noturno por ruas e casas com mais de três séculos de existência e uma igreja feita de história, suas paredes e janelas moldadas por pedras e baluartes enormes, marcas inegáveis da dor da escravatura negra. Depois disso veio a estrada e, como diria o velho compositor, “bem cedinho de manhã, saber que as misericórdias do Senhor se renovaram”. Foi depois de uns quarenta quilômetros que paramos para ver uma cachoeira de beleza incomparável. Ela mora lá, plantada no meio do cerrado de árvores tortas e cheiros únicos, uma cascata que leva o nome de “Martinha”. Aí se deu uma hora de atraso na viagem, presos pelo encanto, entre o dever de prosseguir e a gostosura da beleza de ficar. E aquele mesmo velho compositor dizia que a luz é como poemas nus e, eu, grato a Deus por ser assim, e o sol me ensina a contar os dias que tenho para viver.
É mesmo assim. Quanta coisa Deus tem a dizer entre as frestas do nosso fatigado dever. Essa estrada é uma parábola da nossa vida. Entramos nela acelerados, cegos e insensíveis, tendo à nossa frente o alvo único da chegada. E vamos assim, em cada reta e curva, escravos do dever e do compromisso. É óbvio que ninguém pode viver sem o dever e a obrigação. Por outro lado, Deus se parece mais com a sinuosa estrada da chapada. É cheio de surpresas e de convites sedutores à beleza. O que significa uma hora de atraso entre a obrigação e o encanto? Significa escutar a própria alma e perceber suas reais necessidades, essas das quais o espírito realmente necessita para viver. Significa também, visto que a vida se completa nos significados, partilhar um pouco da intimidade de Deus e escapar do laço da mente comum, essa mente mediana que nos faz pensar que por muito falar ou muito fazer, é que seremos achados.
Deixamos a cachoeira e rodamos para Goiás. E os dias passaram e o dever também foi cumprido. De volta à minha cidade, outra vez os dias se vão e os deveres se repetem. Eles são de uma insistente e continua repetência. Porém, uma coisa ficou mais que as outras. Aquela hora perdida no encanto da cachoeira e nos cheiros do cerrado, valeu mais que todas as outras e partilhou mais que todas as obrigações. Por quê? Porque Deus deu ali, numa fresta do dever, uma porção generosa daquilo que a alma de fato tem fome: beleza e comunhão. As demais coisas, por mais úteis que sejam, deveriam ser sobras. Apenas isso, nada mais.

Paz, e que a gente se ache pelas estradas do Mato Grosso...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 06 de Novembro de 2009.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

FIM DO INVERNO




Hoje chegou a primavera. E veio com chuva. É o fim do inverno, justo ele que tanto esperei. E foi breve. Seco para parecer longo, frio para fazer doer e belo para ser efêmero. Então, foi completo, e assim, acabou meu tempo preferido do ano. Porém, dizem os poetas, que o mês de setembro é o mais sensível dos meses. Com ele vem as primeiras chuvas e, com elas, a primavera. Salomão disse que a primavera é como cochicho de Deus aos nossos ouvidos, porque revela o fim de um tempo e o começo de outro. O fim está nas expressões: “cessou o vento”, “cessou a tempestade”, “cessou o frio”. O começo revela-se numa outra fala: “o tempo de cantar chegou”, “os pássaros festejam”, “aparecem as flores na terra”. É fim e é começo.
Assim ela chega, e essa crônica reflete em duas coisas. A primeira é que ela é como quem chega à plenitude da vida. O mesmo Salomão chama isso de “primavera da vida”. É como uma crisálida pronta a se abrir. Crisálida é coisa latente. A vida é latente dentro de nós, como a primavera é latente nas estações. E a palavra sagrada diz que isso tudo é vaidade. Palavra dorida, porém, reflexiva. É que tudo é breve como foi o meu inverno. Salomão fala de recrear o coração, andar pelos caminhos que enxergam os próprios olhos. O tempo é quase vazio, por isso vem o conselho: “afasta, pois, a ira do teu coração, remove da tua carne o mal, pois a juventude e a primavera da vida são vaidade”. Ou seja, efêmeros e breves. A segunda coisa que faz pensar esse texto é a fala de um poeta cujo nome me foge à memória. Ele diz: “tenho saudade de mim mesmo”. Ele parece ter estado no dia de hoje ou se debruçado sobre as páginas do eclesiastes. Fala de uma saudade sob aparência de remorso, do tanto que não foi a sós consigo mesmo. Que palavra reveladora e triste. Em plena primavera, que já vai, você e eu podemos fazer a mesma coisa do velho poeta. Pode-se deixar o coração cravado pela ira e, ainda, ver os dias vagos irem embora com a carne corroída pelo mal. E o tempo se vai e perdemos nossa principal vocação que é amar, adorar, admirar... É por isso que o sábio disse que a primavera é vaidade. O poeta de quem falei termina sua reflexão, visto que não há vida sem ela, falando de sua alta ausência de si mesmo. Tudo é veloz, tudo pode ser vago se a alma não admirar, não se curar, não adorar!
Dito isso, foi-se embora meu inverno, bem – vinda primavera! Com ela sempre vem uma chuvinha refrescante, parábola da presença de Cristo na alma humana. É tempo de flores, tempo de as aves cantarem, porém, tempo breve, uma parábola de nós mesmos, visto que brevidade é nossa marca. Então, ela será como meu ido inverno, terá alguma dor para ser longa, alguma ausência para doer e algum significado para ser bela. Completa será, como completas são as coisas de Deus para conosco.

Paz e que você tenha uma feliz primavera...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 22 de Setembro de 2009.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

COM O OLHAR DE UMA CRIANÇA







Bem que Jesus disse que dos pequenos é o reino dos céus. Melhor ainda, disse que se não recebermos o reino como um pequeno, jamais faremos parte dele. Isso é complexo e pode ser mais abrangente do que parece. Uns dirão que Cristo usou a criança para falar da pureza. E pode ser uma boa verdade. Bem sabemos que pureza é palavra custosa aos adultos. Pureza é falta de malícia, de planos sujos, ciúmes, e por aí vai. É a presença de outras coisas, as que polarizam essas citadas. Por si só, essa palavra já é complexa. Outros dirão, e bem dirão, que a criança é a figura do imerecimento. Ela não espera merecer para receber, apenas confia que é amada. Aí pode estar um dos maiores segredos do reino dos céus.
Pois foi assim. Era noite e eu vinha da lanchonete com minha pequena. Ela tem sete anos. Ao passarmos por uma esquina escura, alguns outros pequenos com outros, não tão pequenos, tentaram esconder-se. Fumavam e drogavam-se. Perguntei à minha filha se ela sabia o que estava acontecendo. Ela disse que sim e falou do que viu. Disse que aquilo era triste e a amedrontava. Eram só crianças. Em casa, um outro dia, quando já era domingo e eu teria que preletar na igreja, ela quis saber: “você vai falar do que vimos”? Eu disse que não, era só um grupo de crianças. E ela continuou: “então, vai escrever sobre isso”? E eu perguntei por que. A resposta foi simples: “São meninos, e falar do que vimos, pode ajudar”.
Foi uma visão simples. A pequena que estava comigo nunca questionou se merecia ser amada ou partilhar de uma igreja que está aprendendo a amar. Recebe isso e, simplesmente, aceita. Talvez por isso tenha sentido tão naturalmente o que sentiu pelos meninos na esquina escura. A visão simples foi dela, porém, a lição abrangente disso tudo, é para nós. Pense nisso em duas direções: a primeira é para os que estão limpos. Não nos dói a sujeira deles? A segunda é para os que estão perdidos, esses que estão nas esquinas, aflitos e sem claridade alguma, escondidos e escondendo-se. Receber o reino de Deus é como se tornar criança outra vez. Não há merecimento nisso, simplesmente ao Pai agradou fazê-lo. É por isso que meretrizes e pecadores se adiantam a muitos religiosos e desfrutam o amor de Deus, deixando para trás o lodo visguento de vidas chafurdadas pelo rancor, vícios, pela escuridão da ausência de Deus. É simples assim e é abrangente assim.
Se falar disso ajuda, então dito está. É preciso que aprendamos a ver o reino dos céus pelos olhos de uma criança. O que às vezes não pensamos é que meninos e meninas numa esquina qualquer, sorrateiros e desconfiados, envenenando seus corpos e suas almas, façam parte desse reino que dizemos amar. Ao menos, aos olhos da minha pequena, eles não estão excluídos.

Paz e a gente se encontra pelos olhos de uma criança qualquer....

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 17 de Setembro de 2009.

VINTE QUILÔMETROS






Foi na conferência anual da Missão. Palavras simples, mas de imensurável valor, encharcaram nossas almas. Coisas elementares e, por isso mesmo, imprescindíveis. Verdades assim: caráter, poder, aprendizado, missões nos cinco continentes e amor. De todos os lados e para todas as direções, amor, o caminho sobremodo excelente.
Eu vinha pela estrada. Havia deixado os amigos preletores no aeroporto. Amigos da adolescência. Ah, adolescência!... Quão doce é a condenação de não poder livrar-me dela. E foi na estrada, pensando nas palavras, que meu espírito foi encharcando-se de gratidão. Pensei na minha cidade, na igreja, no Deus que sempre foi a razão de tudo isso. Então, falei sozinho, por mais de vinte quilômetros, na solidão do carro a correr e da chuva fina que refrescava a quentura do começo de setembro. Falei como que uma língua desconhecida, que não pudesse ser decifrada, mas que eu sabia bem: era gratidão e esperança! Então, a chuva cessou e o caminho acabou. Colorado do Oeste chegou para o fim da minha curta viagem.
Porém, ficou o som da estrada. Uma palavra viva, vinda de um idioma que nem parecia existir, como se cada sílaba dançasse junto com os pingos da chuva. A gratidão era por saber que minha alma se prostrava diante do Rei e isso a livrou de prostrar-se diante de outros homens, de suas falcatruas e prostituições. E ficou a esperança. O que fazer com tanta beleza? Lembrei-me do ipê cor das rosas no mês de agosto: como pode haver tanta beleza em meio a tanta dor? É aí que a esperança achada nas palavras do começo desse texto lança seus tentáculos de fé e amor, visto que são gêmeos. Onde há um o outro está. Se as palavras partilhadas naquela conferência foram flechas atiradas pela esperança, então os meus vinte quilômetros estão certos. O que fazer com tudo isso?
Tem uma igreja. Igreja são pessoas. Então, tem pessoas que se acham feridas por essas palavras. E a esperanças são elas. Pessoas fora dos templos, como caçadores, para caçar os aflitos, os perdidos, os que estão cegos e chafurdados na cegueira. E as palavras desses caçadores são mesmo simples: caráter, amor, aprender sempre, missões...
E a adolescência que voltou aqui por poucos dias, se foi de vez... Ficou a gratidão e o amor, parceiros da esperança, esses que não são vulneráveis ao tempo. São sim, cúmplices de palavras que podem mudar, ganhar o coração de pessoas de dentro e de fora. Até porque também nossa adultice está indo embora, vulnerável que é ao tempo. Então, o fim é, coração e pés, do lado de fora, embalados pela esperança.


Paz e a gente se encontra pelos quilômetros de uma estrada qualquer...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 17 de Setembro de 2009.

sábado, 12 de setembro de 2009

INFORMANDO

MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
UMA VISÃO DE AMOR

Biguá
Informativo de campo da Missão Renascer
No. 20 - Edição em Setembro - 2009
missao.renascer@hotmail.com





PR Alessandro Jordão - Conferencista

Notícias de Campo
CONFERÊNCIA ANUAL
OS IMPACTOS DA IGREJA SAUDÁVEL E CRESCENTE

AmorCaráterPoderEnsinoMissões nos Cinco Continentes
Aconteceu nos dias 05 e 06 de setembro/09 na cidade de Colorado do Oeste – RO. Foram dias inesquecíveis de saúde e crescimento. Tivemos a participação das Igrejas de Deus de Pimenteiras do Oeste, Cerejeiras, Vilhena, Cacoal e Jarú, além, é claro, da anfitriã, Colorado do Oeste. Vieram de Goiânia os preletores: Pra Maria Ruth, PR Alessandro e Vanda Jordão. Foram dias de impacto e esperança para a igreja no seu propósito de um crescimento saudável.
Rio Paraguá - Afluente do Guaporé - Bolívia
MINISTÉRIO - RIBEIRINHOS

Prosseguimos com o alvo de estabelecermos uma Igreja no povoado boliviano de Remanso. Ainda este ano mais uma equipe descerá o Rio num projeto de assistência social e evangelização. Devagar estamos alcançando o propósito de fundação da primeira Igreja de Deus ribeirinha no Vale do Guaporé.


ALÔ MISSÕES
RECADOS AO BRASIL
E AO MUNDO

ANASTÁSIS
Está voando em seu primeiro ano de idade. Trabalhando permanentemente com a oficina das mãos, escola de dança e de música, escola de esportes e outros meios dos quais o programa lança mão. Temos estabelecido parcerias importantes com escolas, poder público judiciário e igrejas. É o braço mais forte hoje da Missão em Rondônia. O elo com a igreja de Deus de Cerejeiras, que tem feito seu papel de corpo, tem sido fundamental no crescimento e desenvolvimento deste projeto.

LAR TERAPÊUTICO ANASTÁSIS
Formação de Obreiros - Cerejeiras - RO

Um sonho que toma forma. Já está funcionando o lar terapêutico, que é uma casa feminina de recuperação. Todos os procedimentos jurídicos, administrativos e operacionais já estão em funcionamento. As primeiras internas já chegaram! É um programa que envolve grande equipe, coragem e disponibilidade. Entre em contato com a Missão Renascer ou a Igreja de Deus em Cerejeiras e saiba mais desse imenso desafio que Deus nos tem presenteado.

ESCOLA DE MISSÕES – A escola prossegue com a terceira turma em 2009/2010 com um modelo renovado. As matriculas já estão abertas e o nosso propósito é contribuir na formação de lideres para o campo e para a igreja local. Informe-se tenha uma formação de alto nível teológico e ministerial.

CONSTRUÇÃO 2009 – Visando ampliar o atendimento diversificado do Anastásis com: Oficina das mãos, Conselheria, Escritórios, dança, música e outros, transferimos toda a base de operações para a sede da Missão em Cerejeiras. Para isso fez-se necessário ampliar e reformar a casa e modificar sua disposição interna. Agradecemos a colaboração e a paixão de todos os que se envolveram neste projeto.

CIDADE REFÚGIO – COLORADO DO OESTE

Está começando. É uma versão localizada do Anastasis que será efetivado pela Igreja de Deus em Colorado do Oeste. O alvo é: abertura de uma nova igreja, oficina das mãos, escolas de música e dança e serviços a hospital e prisão. Oremos e sonhemos!






Povoado Ribeirinho despedindo-se da equipe

PFM - PROJETO DE FÉRIAS PARA MISSÕES 2009

Ocorrerá ainda ano. Há ainda vagas abertas. Você doará seu tempo e receberá uma experiência única de campo. Solicitamos dentistas, enfermeiros e médicos que possam doar uma semana de seu trabalho num povoado ribeirinho boliviano.

FALE CONOSCO
Fones: (69) 3341-4080 – 9224016 - 3342-2834
Missao.renascer@hotmail.com

Você está sendo convidado a participar desse sonho e dessa realidade. Conheça mais sobre o programa da Missão Renascer e as possibilidades de você contribuir, participar e vir conhecer nossa terra.

CONTRIBUA
Contribuições para
Missão Renascer
Conta corrente 5553-0
Agência 1504-0
Bradesco
FAÇA ALGO VIVO POR MISSÕES!
Rua Pernambuco, 4191, Colorado do Oeste – RO – CEP: 78996-000 Fone (69)3341-4080 – 92240116
Rua Florianópolis, 1265, Cerejeiras – RO – CEP: 78997-000 – Fones (69) 3342-2834 e 9225-0081


PR Eliel Eugênio de Morais
Presidente

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COMO ÁGUA PURA


Espírito Santo,
Sinto-te como águas que se rasgam...
Minha alma é um rio,
O Senhor é o conteúdo que se move nesse rio,
Que rasgam as águas,
Muda-lhe a substancia e domina o remanso do leito...
Te sinto na alma e conheço no pensamento,
Quase posso ver-te ao meu lado...
Tua voz é doce e persuasiva,
Teus ensinos,
Estranhos,
Porém, profundos!
Sou maravilhado pelo que sabes e pelo que me dás a conhecer,
São verdades sublimes e tão minhas,
Ou tão diferentes das que os outros dizem,
Que vejo que és assombroso...
Teus pensamentos e modos de ação maravilham-me.
E o que mais me fica na alma,
É a comunhão que dás ao meu espírito,
Contigo mesmo.
Falas e respondo,
Pergunto e me ensinas,
Fazes-me saber o que outros não sabem,
Entender e sentir o que não é percebido...
Espírito Santo,
O mundo não te conhece porque não te vê e nem te compreende,
Tomam teu nome em ações puramente humanas,
São almas feridas,
Pobres,
Ressentidas...
Tu és consolador profundo,
Rico em segredos da alma,
Livre no louvor!
Ah, se o mundo te conhecesse,
Se homens e mulheres soubessem de ti!
Minha alma se rasga para conhecer tua consciência,
Sou como a água que o Senhor navega...
O mundo tem palavras de superficialidade, e nada sabe,
Porque nunca te entendeu...
Porém, a água que corre no leito se abre ao navegador...
Espírito Santo,
Estou dizendo do campo e chamada missionária,
Estou vendo pelas ovelhas superficiais que não sabem de ti.
És para mim como a brisa que se rasga,
E envolve o rio,
Flui para suas margens...
Isso sei que entendes!
Então és tu que se move junto às águas que vão...
Para onde vão?
Para o mar...
O rio é a alma que o Senhor rasgou,
O mar é o mundo para onde levas o rio...
Te amo Espírito Santo,
Preciso do teu saber e sabor,
Pensar os teus pensamentos,
Viver tua paz, que é inefável para mim!
Sei que o rio se dissolve no mar,
Acaba-se,
E passa a ser salgado...
Assim é o coração te admira e sabe da sua comunhão especial.
És Deus profundo!
Sei que o és aqui e no futuro...
E como é importante saber!



COMO AS BELAS CANÇÕES


Missões...
Às vezes é como uma música,
Bela música!
A música nos conduz a lugares e idéias que intensamente almejamos.
O que foi,
O que, ainda, deliciosamente é...
E o que virá!
Ah, quantas coisas virão!
Missões é assim,
Quantos lugares e idéias,
Ideais...
Porque vem do coração,
Coisas do Espírito Santo.
Coisas que foram e coisas que são...
O que é hoje?
Força, juventude,
Visão.
Coisas do futuro...
Ah, Deus! O que ainda virá?
Quantas Senhor?
Tantas coisas esse meu espírito almeja.
Vejo o tempo que vai,
É como uma canção, não se conhece pelo tato,
Não é vista pelo ar,
Sua beleza não está exposta como o ipê.
É apenas sentida,
Sem ver,
Sem tocar,
Manipular...
Mas que transforma,
Acusa,
E constrói!
A dor de missões é como a dor da música,
Pungente,
Sentida,
Sem testemunhas de lágrimas visíveis.
Sua alegria é por demais extraordinária...
Ninguém pode ir onde ela vai,
Revelar os segredos que revela,
Imaginar as idéias que traz.
Como a bela música,
É para amar,
Viver,
E sentir o paradoxo de sua nostalgia e extraordinária alegria...
Sem explicações!

SOBRE A CHUVA DE ONTEM


Ontem choveu em nossa terra. O cheiro livre do campo molhado, das árvores secas como que assustadas com tamanha dádiva de formosura e alívio, como um desfile de reivindicação pela vida. A chuva nos dias de seca é terapêutica e tem o dom de nos remeter ao passado, fazendo-nos trilhar por lembranças longínquas da infância, de outras chuvas, outro tempo e de quanta coisa, boa e ruim, já passou...
Ontem, quando ainda tinha os últimos respingos da chuva, alguém leu no templo uma palavra que, como a chuva, tem o poder de trazer à memória coisas que ainda não foram embora. A palavra mencionada lembra dias difíceis e a essência dela rememora o que aconteceu. “Se não fora o Senhor”... É como pensar na chuva de ontem e nas que vieram em todos os anos da infância, de lá até aqui. Se não fora a chuva na primavera tal, ou no verão de tal ano, se não tivesse chovido no outono daquela época, se não fosse a chuva no inverno de antes... É aí que as coisas se parecem. Uma é figura da outra. “Se não fora o Senhor” quando os homens se levantaram contra nós, “se não fora o Senhor” as águas teriam transbordado e a corrente levado a nossa alma, as águas impetuosas teriam prevalecido sobre nós...
Bendita foi a chuva de todos esses anos, bendita a secura que ontem, no fim da tarde, se rendeu a ela quando parecia que não mais viria. Eu andava pela rua vendo o morrer do dia. Ela veio, surpreendente, e eu corri, as crianças correram e nós, benditamente, nos molhamos e, a terra, adoravelmente, se molhou. A figura se repete. “Bendito seja o Senhor” que em todo esse tempo não nos deu por presa aos dentes dos caçadores de almas. Como na surpresa da terra com a chuva, a nossa alma escapou como um pássaro do laço do passarinheiro. O laço se quebrou e nossa alma voou livre. Foi como no fim da tarde de ontem. Se não fosse aquela chuva... Porém, ela veio! Deus é assim ao derramar sua palavra e libertação sobre os povos ou quando se refere a apenas uma alma solitária, é que todos, alma e povos, sofremos do pavor e da secura. E a palavra de Deus é como a chuva na terra seca de agosto. É surpreendente, curadora, revigorante.
Me encontro como o rei do texto referido. Ele diz: “Ah, se não fora o Senhor”... Comparo sua palavra com a chuva de ontem antes do anoitecer e todas as dos anos anteriores. O que teria acontecido se elas não tivessem vindo? A mesma coisa que teria acontecido com a minha alma se Deus não tivesse enviado sua libertação e palavra. O próprio texto do Rei explica: teríamos sido tragados pelos dentes do caçador, a correnteza teria consumido as nossas almas... Porém, choveu. Choveu pelo tempo e choveu ainda ontem e choverá pelos dias vindouros, chegará mesmo o tempo em que choverá torrencialmente. Tudo tem seu tempo. A palavra de Deus e sua libertação também.

Paz e a gente se fala pelas chuvas que ainda virão...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 26 de Agosto de 2009.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SOBRE AGOSTOS E IPÊS


As coisas não parecem ser o que são. Uma amiga me enviou uma fotografia. Fotografias são uma espécie de captura do tempo. E cada captura é um grito ou uma súplica para alguma coisa. A imagem que recebi é as duas coisas. É um grito e é uma suplica pela esperança, um apelo à sensibilidade, à racionalidade, a nos lembrarmos de que ainda somos humanos, que ainda vivemos dos relacionamentos, temos paixões, fome, sono, cansaço e, acima de tudo, somos pobres e desprovidos daquilo que é, paradoxalmente, nossa maior riqueza e fonte de vida: Deus!
A imagem referida é simples. Nesse tempo de poeira e adversidades onde os ventos são cortantes e intensos, um poste de sustentação da rede elétrica floriu. É que usaram o tronco de um ipê, o lavraram, colocaram hastes, parafusos e esticaram os fios. Então, o tempo fez o que lhe é mister. Foi embora, como se fosse devagar, e os meses se foram e muitas pessoas não viram. Então, chegou agosto e aquele poste surpreendeu, oferecendo beleza e poesia em cachos amarelos. Já não era só a tão necessária energia, era também o tão suplementar pedido pelo encanto e sensibilidade.
O tempo é assim e as pessoas são assim. Pessoas nascem como a flor e murcham, como uma sombra se vão, repentinas e passageiras. É como a florada surpreendente daquele poste. Pois é mesmo assim, surpreendente e breve. Quem tirará de lá algo durável? Deus diz que o tempo humano é mesmo como uma flor do campo. Somos assim, temos um mês de agosto para florir, depois vem setembro, outubro... E nossa florada já se foi. A questão é a mesma do poeta sofredor do antigo testamento. Quem tirará de lá algo durável? Pense na transliteração do cheiro das águas do livro de Jó. Uma árvore foi escolhida, decepada, entalhada, coisas estranhas foram introduzidas em seu corpo, tentaram lhe dar uma vocação que não era a sua. Tinha que transportar energia e não flores. Estava, então, como a árvore de Jó, cortada, seus galhos lançados na secura. Porém, chegaram os ventos de agosto e, ao cheiro deles, sua vocação renasceu, seus brotos renovaram e sua florada transportou não apenas energia, mas poesia e sensibilidade. Isso é uma parábola de pessoas. O que fizeram com o ipê, fizeram com muitos de nós. Cortes, atrofiações, coisas estranhas e uma vocação que a gente não queria. Mas, é uma figura também do Espírito Santo. Jesus disse que ele é como o vento que sopra onde quer e quando quer. Como os ventos de agosto, devolve a esperança, embala a sensibilidade como uma canção de fazer dormir e devolve a verdadeira vocação de nossas almas: amantes e adoradores. O ipê nasceu para isso e nós nascemos para amar e adorar.
Essa imagem é o retrato de um tempo, seccionou um pedaço dele e nos diz que agosto é hoje. Essa é a nossa vocação. Até porque cada dia desse tempo está contado e determinado, como a flor que nasceu no campo. Com Deus está o número dos meses desse “agosto”. Não vamos gastá-los na fobia e machucaduras de um poste plantado numa beirada de rua. Nossa vocação é outra.
Paz e a gente se fala pelos ipês espalhados no mês de agosto...
Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 19 de Agosto de 2009.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

FIGURAS


Algumas coisas, com aparência de pequenas, se tornam amplas pelo poder que têm de continuar ferindo, no mesmo lugar, por dias ou anos. Não me refiro a uma ferida nociva, mas àquela saudável, de pura beleza, que produz uma chaga salutar, que apaga antigos e recentes pecados, descontentamentos e rabugices. São palavras que dão movimentos a uma dança que acontece dentro da alma.
Uma dessas figuras vem de encontro à realidade brutal da escuridão, que às vezes não sei se é minha, se dos que estão à minha volta ou se pertence às espigas maduras de terras longínquas. É a tatuagem de uma noite de trevas e nela há um farol. E o farol aponta direções. Essa primeira figura trata das intimidades das almas que se acham perturbadas e amedrontadas no meio da escuridão. E tem outra figura, e essa revira os nossos relacionamentos, tanto os humanos quanto aqueles que nos conduzem à adoração, visto que são inseparáveis. É como se existisse um rio de águas turvas a nos separar. E eu sou a ponte. É o serviço da reconciliação. Às vezes sou ponte, outras, estou sobre ela sendo reconciliado com Deus e com aqueles a quem, de um modo ou de outro, feri. Um terceiro momento lembra um deserto. Este é um lugar de gente só e perdida. Talvez, a solidão e o sentimento de desmerecimento, sejam a dores mais presentes nos corações hodiernos. E essa figura diz que sou como o abrigo no deserto. Repito: não sei se acolho mais do que eu mesmo preciso ser acolhido. O abrigo é uma necessidade para qualquer pessoa que atravessa o deserto. E ele é feito de pessoas para abrigar outras pessoas que estão perdidas e solitárias no caminho. E vem a última figura desse texto, a que diz que sou uma flecha. Flechas são pessoas ou o que brota delas, bem sei. Essa, do texto, é aquela que acerta o alvo. Permita-me dizer outra vez: não sei quando é que minha palavra é uma flecha ou quando minha alma é o alvo certo para a palavra de outro. Por isso, admito essas figuras no que faço e no que fazem comigo.
Parecem coisas pequenas, as figuras, porém são amplas. E continuam dilatando. Afinal, quem nunca se achou temeroso no meio da noite? Quem não se viu partido de alguém ou por alguém, separados num rio turbulento? Quem ainda não se achou num deserto, mordido pela solidão e perdido? E eu ainda tenho o paradoxo de ser um farol que dá direção, a ponte que reconcilia, um abrigo no deserto, uma flecha certeira... E ainda assim, ser eu mesmo a caça de tudo isso. Às vezes, perdido, de repente só, desafeto, desabrigado. Sou um e sou o outro. E você, qual dessas figuras tem a tatuagem de sua alma?

Paz e a gente se fala pelas figuras da alma...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 12 de Agosto de 2009.

OLHAI O IPÊ DO CAMPO


Ainda ontem eu andava pelas ruas de Colorado do Oeste. Poeira e sequidão. Porém, o contraste estava de novo lá, como em todos os anos, nesse mesmo tempo de agrura e ventos, o ipê amarelo, como uma dança de sensibilidade e contraste. É ele, o dom que usa a ventania de agosto para figurar uma súplica pela esperança. Parece que foi dado para nos lembrar de palavras que estão acima das custosas necessidades e preocupações humanas.
Jesus bem que falou disso. Ele discorreu da ansiosa solicitude pela vida. Sua palavra é como ipê de agora, um convite a deliberarmos sobre algo que nos é custoso: perceber que a vida não é só a labuta com as coisas do chão. Suas palavras são uma interrogação e, a interrogação é uma incursão aos valores da alma. “Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestuário”? é que aí reside o grande paradoxo de saber que as necessidades das coisas terrenas são reais, mas existe a simultaneidade de compreender que elas não são tudo. A alma necessita de outras, das quais se alimenta e nas quais se encontra a si mesma, é aí que ela ri, adora, se completa...
Olhai os ipês do campo, o que fizeram para receber tamanho adorno? Parafraseando Jesus Cristo digo que nem mesmo o Rei Salomão em toda sua riqueza e glória se vestiu como qualquer deles. Se Deus assim os vestiu, quanto mais o fará por vós, homens de pequena fé? Aí se descortina outra palavra dificultosa para o ser humano: o que é pequeno não é o que é desvalorado, pelo contrário, é o que pode dilatar. É Que Jesus falava da fé e ela é algo que pode aumentar de tamanho. Por isso, feliz é o que se acha pequeno. Esse texto lança mão da figura do ipê, transliterando as palavras de Mateus para suplicar a atenção de sua alma para as coisas que não são meramente terrenas, essas que Deus bem sabe que delas necessitamos. Porém, buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas essas demais coisas serão acrescentadas. É que todas “essas coisas” têm, diante da sublimidade das que são eternas, o gosto adocicado da sobra.
Portanto, não andeis ansiosos perguntando e sofrendo: como será amanhã? O que vou fazer? Olhai os ipês espalhando cachos de beleza pela cidade e pelo campo. Deus sabe que necessitas de todas essas coisas, mas procure em primeiro lugar o seu reino. É das coisas do reino que a alma se alimenta. Fé e amor são coisas que podem dilatar, sempre. Lembre-se, sem isso, a alma não ri, não adora, não é plena.

Paz e a gente se encontra pelos ipês espalhados por aí...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 12 de Agosto de 2009.

sexta-feira, 31 de julho de 2009



IGREJA DE DEUS NO BRASIL
COLORADO DO OESTE - RO
UMA IGREJA SAUDÁVEL E CRESCENTE

culto da saudade - dIA 24 DE oUTUBRO DE 2010

Batismo e alegria nesse mesmo dia!





UM SEGREDO DENTRO DE CASA



Há algumas semanas alegrei-me com um lugar. Foi numa pequena cidade do interior, onde cresci no cerrado de Goiás. Alegrei-me em ver as ruas onde corri, algumas casas que ainda insistiam em ficar lá depois de tantos anos. Alegrei-me quando entrei pelo portão da minha antiga escola, agora me parecendo bem menor que antes.Descobri que um lugar nos alegra por causa dos tesouros que deixamos escondidos dentro deles.
O rei se alegrou quando alguém lhe convidou para ir à casa de Deus. E ele escreveu sobre o estremecimento de sua alma quando seus pés adentraram a cidade onde estava aquela casa. Havia tesouros lá dentro. Alguns deles, ele conta na melodia da canção que fez: os amigos, a paz e a oração. Outros, os mais íntimos, são seus segredos, são os que estão ocultos no trono do juízo de Deus. Aí se descortina uma palavra imensurável. O trono do juízo era um lugar de conferência entre o Deus daquela casa e o homem que chegava. Ali residiam suas confidências, como o maior dos tesouros guardados lá dentro.
A pessoa de todos nós é assim, complexa, paradoxal e mutável. As confidências do rei aconteciam porque Deus tornou acessível o trono de seu juízo, um lugar para as almas carentes deliberarem de suas coisas terrenas e dos seus anseios por aquilo que não é só terreno. É um caminho que se abre a tesouros. O juízo de Deus é uma súplica pelo espírito humano, e, feliz é aquele que reconhece quem é esse Deus e partilha de seu poder e amor. Muito feliz é quem percebe o que ele fez, o que está fazendo e o que ainda fará, pois o caminho se amplia na cura daquele que o confessa e que confessa a si mesmo. O juízo de Deus é um convite a essa confissão, que são aquelas coisas referentes aos pecados que cometemos e ao arrependimento que nos compunge. Aí está a diferença entre a dor do arrependimento que conduz á cura e o mero remorso que chafurda a alma num poço de culpas. Isso é uma súplica inteira da alma que chega e do trono que está na casa de Deus. Quem podia pensar que os tronos dos juízos do Senhor eram uma súplica?
Alegrei-me quando fui àquela cidadezinha do cerrado, porque lá, tive meus segredos de menino. O rei se alegrou por causa do trono dos juízos de Deus, o lugar de suas deliberações de um adulto vivido. E o que revelou de lá? Confidências de um Deus que, às avessas, pede que o humano não se perca no reconhecimento de si mesmo, que não se destrua nos pecados e remorsos cruéis da culpa, mas que se ache na súplica da alma inteira pelas necessidades e ansiedades das coisas da terra e do céu. Esse é o segredo. Isso alegrou a alma do rei quando lhe disseram: “Vamos à casa do Senhor”.

Paz e a gente se encontra pelos tronos dos juízos de Deus...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 29 de Julho de 2009.

sábado, 11 de julho de 2009

NOTÍCIA SIMPLIFICADA



MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
UMA VISÃO DE AMOR


Informativo simplificado – 001 – Janeiro 2009



ANASTÁSIS EM CEREJEIRAS

Em 2008 trabalhou e atendeu vários adolescentes e mulheres através do projeto trilha de assistência social e dos cursos de dança, música e pintura, sendo esses dentro da proposta ministerial do Anastásis. Começou 2009 com o Projeto de Férias Anastásis, um programa de dez dias com os adolescentes atendidos pelo programa. Foi extraordinário.

GUAPORÉ NA BOLÍVIA
O projeto em 2008 foi a realização de um sonho. Estivemos com uma dentista de Brasília, enfermeira de Rondônia e uma equipe de várias áreas para atendimento social e evangelístico. Financeiramente, foi um desafio muito grande, porém, a realização foi preciosa. Em 2009 o projeto voltará no inicio de agosto. E segue o programa final de plantação da igreja ribeirinha.

CURSOS E SONHOS
Estamos formando a segunda turma da Escola de Formação Missionária. Foi um ano de vários encontros e muito crescimento. A escola 2009 terá uma modalidade diferente. Visando melhor atender, funcionará por módulos com pré-aula, aulas presenciais e pós-aula. As matriculas estão abertas. Os interessados deverão entrar em contato e receber maiores informações.

O DESAFIO 2009
A Missão Renascer entra 2009 com muitos desafios: Rio Guaporé, Ministério Anastásis, Escola de Formação Missionária, Cursos de formação diversos aos pastores que trabalham na missão, apoio às igrejas de Rondônia, principalmente as que estão nascendo agora, e a sobrevivência financeira de seus programas.

O QUE VOCÊ PODE FAZER

Participar do projeto agosto 2009 com comunidades ribeirinhas, principalmente se você é profissional da saúde. Contribuir financeiramente e orar para que todas as coisas se encaminhem.

Em amor a Deus, ao seu povo e ao seu caminho,

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
_____________________________________________________________________________________

Contatos
Fones: (69) 3341-4080 e 8402-3511
Rua Pernambuco, 4191
Colorado do Oeste – RO
76993-000

Notícias de campo



MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
UMA VISÃO DE AMOR

BIGUÁ - Informativo de campo da Missão Renascer
No. 19 - Edição em Abril - 2009
missao.renascer@hotmail.com

ASSEMBLÉIA ANUAL
Acontecerá em julho deste ano a assembléia anual da Missão Renascer. Será na cidade de Vilhena. Esta reunião será de grande importância para o futuro da Missão no que refere à sua parceria com a igreja de Deus e ao desenvolvimento do Ministério Anastasis e do projeto Guaporé.

MINISTÉRIO RIBEIRINHOS
Prosseguimos com o alvo de estabelecermos uma Igreja no povoado boliviano de Remanso. Em agosto deste ano mais uma equipe descerá o Rio num projeto de assistência social e evangelização. Devagar estamos alcançando o propósito de fundação da primeira Igreja de Deus ribeirinha no Vale do Guaporé.


ALÔ MISSOES: RECADOS AO BRASIL E AO MUNDO

MINISTÉRIO ANASTASIS – Está voando em seu primeiro ano de idade. Trabalhando permanentemente com a oficina das mãos, escola de dança e de música, escola de esportes e outros meios dos quais o programa lança mão. Temos estabelecido parcerias importantes com escolas, poder público judiciário e igrejas. É o braço mais forte hoje da Missão em Rondônia. O elo com a igreja de Deus de Cerejeiras, que tem feito seu papel de corpo, tem sido fundamental no crescimento e desenvolvimento deste projeto.

ESCOLA DE MISSÕES – Formamos a segunda turma em fevereiro deste ano. A escola prossegue com a terceira turma em 2009/2010 com um modelo renovado. As, matriculas já estão abertas e o nosso propósito é contribuir na formação de lideres para o campo e para a igreja local.

CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA ANUAL – Ocorrerá nos dias 05 a 07 de setembro de 2010 na cidade de Colorado do Oeste - RO. Será o evento mais importante da Missão neste ano. Contaremos com a presença de várias igrejas e missões que estarão mostrando seus trabalhos e participando das oficinas e palestras gerais. O evento será organizado pela Igreja de Deus em Cacoal.

CONSTRUÇÃO 2010 – Visando ampliar o atendimento diversificado do Anastásis com: Oficina das mãos, Conselheria, Escritórios, dança, música e outros, estamos transferindo toda a base de operações para a sede da Missão em Cerejeiras. Para isso faz-se necessário ampliar e reformar a casa, bem como construir uma edícula. A Missão solicita apoio de todos.

LAR TERAPÊUTICO
Um sonho que começa tomar forma. Deverá funcionar a partir de Agosto deste ano. Atenderá mulheres e será um lugar de refúgio. É mais um braço do Anastasis em Cerejeiras. Solicitamos orações por este projeto.

CIDADE REFÚGIO – COLORADO DO OESTE
Também a partir de Agosto. É uma versão localizada do Anastasis que será efetivado pela Igreja de Deus em Colorado do Oeste. O alvo é: abertura de uma nova igreja, oficina das mãos, escolas de música e dança e serviços à hospital e prisão. Oremos e sonhemos!

PFM – PROJETO DE FÉRIAS PARA MISSÕES - 2010
Ocorrerá em Agosto deste ano. Há ainda vagas abertas. Você doará seu tempo e receberá uma experiência única de campo. Solicitamos dentistas, enfermeiros e médicos que possam doar uma semana de seu trabalho num povoado ribeirinho boliviano.

FALE CONOSCO

Fones: (69) – 9224016 - 92454812- 92582589 - 33422834
Missao.renascer@hotmail.com

Você está sendo convidado a participar desse sonho e dessa realidade. Conheça mais sobre o programa da Missão Renascer e as possibilidades de você contribuir, participar e vir conhecer nossa terra.

CONTRIBUA
Contribuições para
Missão Renascer
Conta corrente 5553-0
Agência 1504-0
Bradesco



FAÇA ALGO VIVO POR MISSÕES!

Rua Pernambuco, 4191, Colorado do Oeste – RO – Cep: 78996-000 Fone (69)3342-2834 – 92240116 -


Eliel Eugênio de Morais
Presidente

SOBRE TEMPLOS E AQUARELAS


Templos sempre me fascinaram. Lembro de uma catedral em Goiás. Bons dias aqueles quando Deus desenhava uma vida diferente em minha alma. Eu ia àquele templo imenso, silencioso, lugar perfeito para pensar e aplicar o coração nos desenhos que Deus fazia. Hoje, tantos anos e senso crítico depois, me pergunto por que aquele ambiente tão convidativo, era tão vazio. Por que será que, lá dentro, eu era a única pessoa que ainda não tinha cabelos brancos?
É que o templo esqueceu a aquarela. Construímos templos e nos esquecemos das cores da alma. Vamos aos templos, mas vamos apressados demais, ocupados demais... Tudo em demasia. E o templo que era para ser apenas um meio de colorir pessoas e descobrir o que realmente Deus quer e o que de fato importa para o ser humano, transformou-se num fim em si. Ir ao templo deveria ser como levar uma tela branca ao pintor. Quanto tempo ele levará para desenhar? Qual critério usará na distribuição das cores? O templo não deveria nunca nos engessar e nós nunca deveríamos engessar o artista dessa aquarela.
A pressa e o desespero pós moderno nos tem feito dizer ao pintor o que queremos. E essa fala tem sido enfadonha e inerte. Jesus questiona isso ao perguntar: “Louco, o que tens reservado para quem será”? Essa fala é inerte por que o templo não engessa a Deus, não faz dele um gerente que administra desejos. Ele é o pintor das nossas almas e conhece a cor que falta em cada pedaço, em cada intimidade descolorada, cada recanto corrompido pelo tempo e pela dor. Ao entrar no templo deveríamos nos lembrar de que ainda somos gente, que ainda buscamos uma completude, que somos caçadores de significados relevantes, e que não somos feitos de loucuras, de superficialidades e rotulagens mil. Jesus pergunta para onde irá nos levar toda essa loucura...
O templo é então uma aquarela. Quem sabe um lugar de desfazer loucuras ou uma oficina de quebrar gessos... Essa mesma engessadura torpe, oriunda de uma ideologia enganadora, que nos faz acreditar que somos escravos da pressa, da ocupação, da preocupação... E os cantos da tela continuam descoloridos, sozinhos, à mercê do tempo.
E o tempo passou. A lembrança daquela catedral ainda me faz bem. Quero que o templo de hoje seja assim, um lugar para demorar, conhecer desenhos, manusear cores. E a alma de hoje? Quero que seja como aquela, só procurante, adoradora, aprendiz, nada mais.



Paz e a gente se encontra nas palavras da vida!

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 23 de Abril de 2009.

SOBRE AS ESTRELAS DE UMA NOITE RIBEIRINHA


Não sei há quanto tempo foi. Talvez mais de dez anos. Era noite fria do mês de julho, estávamos às margens do Guaporé com alguns jovens no programa de férias da Missão Renascer. Foi num povoado boliviano. Noite fria e pouco sono. Saí para andar um pouco na noite. E lá, a voz de Deus se fez ouvir. Olhei o céu, milhões, bilhões de estrelas. Estrelas sem fim... E eu ri. Estava ali para ser surpreendido!
Entendi que eu era assim. Elas eram como os sonhos, meus e de todos os jovens que estavam naquele projeto. Pareciam poderosas, invencíveis. Porém, na manhã seguinte, não mais existiriam. Ri da minha tolice, tremi por minha paixão, entendi as palavras do meu amado Deus.
Lembrei do livro de Gênesis. Quão tolo Abrão foi! Era velho e tinha uma palavra de Deus. Só que se cansou de esperar e pensou que sua herança viria mesmo de um escravo que habitava sua casa. Tolices da pressa, da impaciência. Coisas muito parecidas com as que vivemos hoje. Quantos estão caindo numa areia movediça de coisas rudas, apressadas e superficiais. Então, Deus chama esse homem para fora e lhe fala das estrelas. Manda que as conte. E eu me pus a pensar: como contar as bilhões que estavam no céu daquela noite ribeirinha? E falou para Abrão sobre a tolice de suas imperfeições, entre elas a precipitação, aquela coisa mórbida de acreditar que Deus lhe reservava somente coisas difíceis, problemas e lutas, que sofrer era seu destino. Podia ele contar as estrelas? Deus lhe perguntou isso. “Podes contá-las?” Então sua voz foi como o encanto daquela fria noite de julho num distante povoado boliviano. Deus disse que as estrelas eram como as bênçãos que tinha e que a herança prometida nasceria de seu próprio ventre. Era algo novo, gerado no próprio Abrão, e não o fruto de uma escravidão. Digo hoje, não confunda isso com a parca teologia da prosperidade. Não é isso. Aliás, “isso” é uma das tolas e vazias crendices que se tem espalhado por aí. O que Deus fala é de alma pura, adoradora, livre. As coisas de Deus são geradas dentro de sua alma e não é fruto de nenhuma escravidão, nem do consumismo, do hedonismo, da impaciência, sentimentos turvos...
As estrelas são um convite à reflexão e, por fim, à confiança, á renovação de uma paixão capaz de fazer tremer o corpo e de sonhar o espírito, acreditar outra vez e descansar nas promessas de Deus... Elas não são uma batalha. As outras coisas, muitas delas... São apenas tolices, inclusive aquelas escravidões que insistimos em guardar dentro de casa, como se fossem herança. Deus chama para fora: venha ver as estrelas!


Paz e a gente se fala!

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 19 de novembro de 2008.

SOBRE CERRAS E ÁRVORES


SOBRE CERRAS E ÁRVORES

Eram duas. Imensas, não sei por quanto tempo estavam lá. Já as conheci enormes. Muitas vezes andei debaixo de suas sombras na hora do morrer do dia. Também me deliciei com seus frutos. Mas, na visão de alguém, estavam no lugar errado. Não importava quanta sombra ou frutos, quantas crianças vieram ou ainda viriam, furtivamente ou abertamente, brincar ou comer, usufruir... Elas estavam no lugar errado. Uma cerca era a ordem do dia. O excesso de sombra poderia enferrujar o metal da cerca. Então, a cerra fez o seu trabalho. Não se envergonhou do que era diante delas e, sem nenhum respeito, nem mesmo ao tempo delas, em minutos, lançou seus destroços ao chão.
O que é dorido nisso? A beleza! A incapacidade de se permitir machucar pela beleza. Como as pessoas podem se colocar diante de algo belo e não perceberem? A história dessas duas árvores, excessivamente sombreadas, bem que é uma figura de outros aspectos que também não são percebidos. Há, escondida na alma da gente, uma cerra que não suporta a sombra e decepa a copa da árvore que não é compreendida, deixando o coração exposto ao causticante sol e à uma paisagem desprovida de encanto. Por exemplo, o pai que pensa poder trocar o contato físico com o filho em nome do dever dando-lhe uma internet mais veloz ou o game de última geração. É como ir até as minhas vizinhas árvores e não ter olhos para a beleza e acreditar que o coração irá se alimentar de cercas. O tema se amplia aí. Quanta coisa temos ingerido das enxurradas de livros de auto-estima, a maioria embasada por uma ideologia hedonista norte americana completamente despida da realidade brasileira, e que, em nome disso, passamos a cerra em conceitos tão relevantes e verdadeiramente terapêuticos, coisas como a doçura da palavra de Deus. Só para citar: perdão, mudança, adoração... E tantos outros!
É que não ver essas coisas é como ter no coração um porta cerra. A beleza, que é viver em amor, não dando ás coisas e aos acontecimentos maior valor que às pessoas, parece, de repente, ser coisa de gente vencida. Aí, retiramos a cerra e cortamos elos, perdemos relações, achamos a solidão de uma vida pragmática. E vem o sol escaldante e as fadigas do seu calor e parecem, surpreendemente, à cegueira do coração cerrador, ser melhor que a sombra. A nossa alma, já dizia o velho profeta, é trapaceira e parece mesmo gostar de se permitir a esses enganos. Porém, a beleza está diante de nós!


Paz e a gente se fala nas sombras restantes!

Eliel Eugênio de Morais
Pastor



Colorado do Oeste, 06 de novembro de 2008.

SOBRE FORÇA E ESPERTEZA


“Muita gente é forte demais para ser usada por um Deus forte. Ou muito ladina. Mas, não é preciso ser ladino quando se tem razão. Nem forte”.
Irmão André
São palavras memoráveis do fundador de um grande projeto: a mundialmente conhecida “Missão Portas Abertas”, que trabalha nas regiões onde o cristianismo sofre restrições políticas e religiosas. É uma fala que abre o ponto de maior contradição humana: orgulho e amor. Talvez essa seja a porta humana mais difícil de se quebrar. Dentro dessa perspectiva podemos tomar o episódio de Jesus e Zaqueu no Novo testamento. Dentre tantas coisas, pensemos o seguinte.
Zaqueu era ladino. Característica de gente intelectualmente fina, astuta, manhosa. É o espertalhão que não mede trapaças intelectuais para levar vantagens. Seu crime não é exposto, é costurado nas brechas das leis ou dos acordos nunca assinados. Assim era Zaqueu. O problema é que essas vantagens lançam as almas num poço de falta de significados. O ladino perde a capacidade de confiar e de viver uma intimidade real de paz e paixão. Perde-se na bulha e se escorrega por confianças forjadas e paixões artificiais. Quando passa a bulha, a solidão é insuportável, por isso vive escravo de uma necessidade de estar sempre rodeado de sons e gente, ainda que saibam, todos eles, que todos são ladinos e, por isso mesmo, também vazios.
Isso ocorria com Zaqueu. Enriqueceu-se com a esperteza de driblar as regras e a moral dos outros. Era ladino. Porém, um dia, ouviu algo que mudou sua trajetória. Esse homem desfrutava de má reputação, era acusado de surrupiar a coisa pública, de viver em berço de ouro por causa da sua capacidade de deslizar-se, como bem diz o rondoniense, como um “bagre ensaboado”, e assim, usufruir das relações que mantinha com os poderosos. Foi assim... Até o dia em que se achou vazio e perdido e permitiu-se às palavras de Jesus. Ao fazer isso encontrou uma outra fonte de vida. Entendeu a loucura de sua esperteza e a inutilidade dos seus dribles. Recebeu Jesus em sua casa com gostosura. Aliás, uma gostosura que até então lhe era desconhecida. E devolveu o que roubou, prova incontestável que o “bagre” não era tão ensaboado assim. Devolveu e ganhou o que antes não conhecia: plenitude!
Por fim... Não é mesmo necessário ser ladino para encontrar-se a si mesmo e a paz. Ah, paz... Onde ela está? Nem é preciso ser forte. É que essas coisas andam por outras estradas e se parecem com a luz. A luz não vem do braço, nem a plenitude das artimanhas. São coisas peculiares à palavra de Deus. Fora dela, todo ladino morrerá na sua mediocridade e todo forte perecerá na solidão do seu próprio braço quando suas bulhas passarem.


Paz e a gente se fala!
Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 06 de novembro de 2008.

SOBRE PORCOS E CÃES


SOBRE PORCOS E CÃES


Amo e temo essa fala de Jesus. Ele diz para não lançarmos nossas pérolas aos cães e nem as coisas santas aos porcos, para que, no fim de tudo, esses cães e esses porcos não se voltem contra nós e nos dilacerem...
Há diversos ângulos para se ver o texto. O mais doloroso deles é, talvez, o mais simples. Vamos então desdobrar essa página. Cristo fala de talentos e de dons. Os talentos são coisas externadas nas habilidades visíveis como cantar, escrever, falar, organizar e muitos outros verbos. Já os dons são coisas intras e que estão relacionadas à estrutura do ser humano, podendo incluir aí a capacidade de sentir amor, saudade, paixão e tantas outras coisas extraordinárias da alma. Mas ainda refere-se também àquelas coisas únicas, que podem fazer do homem e da mulher seres plenos e excelentes. São as coisas do céu como as dádivas que o Espírito Santo nos dá. Entre essas dádivas, o quebrantamento, a mansidão, a desejada paz de espírito e a pobreza desse espírito. Essas coisas fazem a diferença entre o excelente e o medíocre, entre o casado e o apaixonado, entre o religioso e o adorador, entre o poço vazio e o manancial imensurável...
Não dar aos cães as coisas santas ou aos porcos as suas pérolas, refere-se aos verbos e aplicações anteriores e outras mais. É não entregar, por exemplo, a excelência de uma paixão ao lamaçal do adultério, ou a sensibilidade musical ao chiqueiro de certas coisas chamadas de música, é não trocar a verdade pelo suborno, a alegria pelo rancor, a paz pela raiva, a confiança pela descrença. Essas coisas, no fim de tudo, irão destruir sua alma. Entenda que as coisas santas e as pérolas não foram dadas para serem lançadas aos cães e aos porcos. Foram dadas para sua plenitude e para sua aproximação de Deus.
Redescubra o caminho da oração, que é longo, e é caminho de confissão, de busca do que é excelente, de poços imensuráveis de humanidade e beleza. Quer se livrar dos cães que dilaceram sua alma? Deixar para trás os porcos que sujam e roubam sua paz? Redescubra e construa a comunhão com o pai. E a paz? Ah, paz... Talvez o sonho maior do coração de todos nós. Ela não será achada fora do elo refeito com o pai. Então venha para a porteira da oração e o Espírito Santo irá conduzi-lo por um caminho de excelência e grandeza de alma.

Paz para você!

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 23 de Outubro de 2008.

SOBRE FLORES E PESSOAS




Lembro de uma história antiga, contada num livro antigo, um romance da segunda guerra mundial. O episódio, que os cientistas garantem que realmente ocorreu e que ainda pode ocorrer, se passou em algum lugar do norte da África. Terra seca, de muita pobreza e, por conseqüência, terra de fome em tempo de guerra. O que aconteceu foi que durante os meses de seca o vento soprou constantemente sobre a areia do deserto e sobre os rostos de seus moradores. Isso foi assim, durante tantos dias, que parecia não ter fim.
Até que chegou a chuva. Choveu longa e mansamente por toda a madrugada. Na manhã seguinte, daquelas que, como diz o poeta, sem nuvens depois da chuva, o escritor do romance da guerra saiu a caminhar. E andou até fora da cidade. Lá, viu a areia úmida e o susto do maior milagre que pôde ver: o deserto estava coberto de flores! Um tapete de cores e poesia se estendia a seus pés e ele chorou de paz e esperança no meio da guerra, meio ferido e meio curado diante do encanto que viu.
Os estudiosos garantem que isso é fato. O pólen é trazido pelo vento e se acumula na areia. Quando vem a chuva, dessas constantes e calmas, na manhã seguinte, ou poucas horas depois, acontece um dos mais lindos fenômenos na secura do deserto: o chão fica coberto de flores, de todas as cores e tamanhos.
Isso tem um grande significado para os moradores daquela região inóspita. As flores são o prenúncio da chuva. E chuva é semente, é vida e, quem sabe, o fim do tempo da guerra? Jesus é essa flor. A presença dele na vida de alguém é exatamente como a chuva calma daquela noite do romance e muda a paisagem da alma, traz o alimento que dá a vida.
Faz tempo que ouvi essa história, nem tenho mais aquele livro... Porém, ficou a esperança de algo novo e precioso. Você já sentiu o prenúncio de que algo está mudando? Aquela sensação de algo salutar brotando no lugar que era doente? Já teve esperança? É que a chuva está caindo suavemente, como uma voz que está há muito tempo sussurrando em seus ouvidos: o maior milagre do mundo é cobrir sua alma de flores.



Eliel Eugênio de Morais
Pastor


Colorado do Oeste, 12 de Agosto de 2008.

O RIO DO TEMPO E OS SEGREDOS DO REI



“Quem pode deter o rio da aurora?... Todo o vento foi caindo entre dedos de luz e olhos de sonho”!
São palavras de Pablo Neruda. Elas dão-me duas coisas: pensamento e re-sentimento. Um sentimento bom de degustar algo saboroso ao paladar e que vai se repetindo, repetindo, re-sentindo. Também faz pensar, e pensar é espinho inquietante.
Algo parecido achei nas palavras, também insondáveis, do poeta e Rei Davi. Ele também parecia estar de frente com o rio da aurora... Quem pode detê-lo? É o tempo que vai como a correnteza de um rio, levando tudo o que pensamos eternizar. É claro que o que realmente é eterno, isso o tempo não leva. Mas tenho me posto à margem do rio da aurora e bem que gostaria de detê-lo. A possibilidade da velhice me assusta, a evolutiva caminhada para o fim me faz apegar à ilusão de que os dias ainda serão muitos. Sei que é só ilusão. Neruda viu isso e deu-se a um poema de amor. O Rei Davi também viu a mesma coisa e lembrou de todas as suas provações e fez juras ao todo poderoso.
Então vem o segundo aspecto. Para Neruda todo o vento foi caindo entre dedos de luz e olhos de sonho. Aí está algo que faz tremer o deserto da alma humana. Neruda parece haver encontrado algo que podia ir além da aurora do tempo, afinal, nada pode deter a luz e o sonho. São coisas da alma. Aí saímos do campo da filosofia ou da indagação, e vamos teologizar, que é andar pelos caminhos das relações entre Deus e a alma de todos nós. É essa expressão do íntimo que faz brotar algo eterno. As coisas entre Deus e você não estão à mercê do tempo. O Rei Davi encontrou esse segredo e disse que não entraria mais na tenda onde morava, não subiria ao leito de seu repouso, não daria sono aos seus olhos... Até que encontrasse um lugar para a morada do Deus altíssimo. E onde é essa morada senão a própria alma? Deus mesmo disse que não habita em construções feitas por mãos humanas. O Rei viu e sentiu o que poderia, enfim, suplantar o rio da aurora.
Isso tem acontecido com muitos. Pode até não parecer, mas tem. O tempo está passando para todos e todos nós sucumbimos ao seu curso e suas reivindicações. Porem, alguns tem achado o que vai além, e por isso são plenos, doces, confiantes. Fica uma última pergunta: O que temos para colocar na margem do rio e negociar pela nossa paz e eternidade? Uma última fala: O futuro? Não se preocupe, Davi mostrou o segredo, o caminho é Cristo.


Colorado do Oeste, 16 de Outubro de 2008.

UM TEXTO ENCANTADOR



Um texto encantador. É o que abre o segundo livro dos salmos. É breve, porém é profundo. Breve, porque trata das coisas do ser humano, e profundo porque se aventura nas coisas do céu. É humano porque fala da solidão, da tristeza, discorre sobre aquelas insistentes lágrimas noturnas, fala do medo... É divino porque revela a mais genuína das buscas humanas e a mais cruel das formas de solidão. E ambas se resumem em Deus. Nenhuma procura é mais sublime, é como um sedento no deserto. Nenhuma solidão é mais atroz, é como o cervo que anseia pelas correntes das águas que estão ocultas em lençóis cobertos de uma imensidão de areia.
O caminho por onde desfila as palavras deste poema é um desfiladeiro dessa dialética extraordinária: o que é divino, como bailarinas sedutoras, dançando dentro do que é humano. E, o que é humano, como um cervo no deserto, caçando uma fonte que lhe possa devolver a vida. É mister compreender isso. Todas as provações da terra, inevitáveis que são, seriam melhor compreendidas se resolvêssemos a questão central de nossas almas. E essa questão é: “... Assim suspira a minha alma por ti, ó Deus”. Isso é um fato e é irrevogável. É a questão crucial da nossa procura. As outras coisas, por mais paradoxais que sejam, são barrancos na beira do caminho, nada mais.
A pergunta é uma flecha que acerta o alvo. Perguntar a coisa certa conduz à resposta certa. O texto é breve, mas é amplo na pergunta que descortina: “Por que estás abatida, ó minha alma e por que te perturbas dentro em mim”? Coisa humana e celestial. A humana é a reflexão, como o ranger de uma porteira sendo aberta. É a lembrança dessas coisas e a quebradura de uma alma derramada perante a perspectiva da adoração... Que palavra imensurável, porto seguro para toda alma errante. Isso termina em gritos de alegria e louvores. E isso tudo é celestial. O que é do céu vem como água fresca na boca do sedento no causticante sol do deserto: “O Senhor dirige o seu amor”, e nas horas ardilosas da noite: “A sua canção está comigo, uma oração ao Deus da minha vida”.
Só para lembrar e fechar um pedaço da porteira desse texto: é mister compreender isso. A mais genuína das buscas é Deus. A ausência dele é a mais cruel e incurável das formas de solidão. E o conselho para minha própria alma é: “Por que estás abatida? Espera em Deus, pois ainda o louvarei”.



Paz e a gente se acha pelos textos encantadores da vida


Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 08 de julho de 2009

SOBRE DOÇURAS E RIQUEZAS


Gosto de uma lembrança singular dos dias longos da meninice. Lembro da terra arada, sendo preparada para o plantio. Quando tudo, a meu ver, estava pronto para a semeadura, começou então o processo de esterruamento da terra. Um grande pedaço de madeira preso por cordas e com tração animal ia varrendo a terra, retirando todos os tocos, raízes e sujeiras que o arado não pôde arrancar.
Essa lembrança singular é hoje de ampla pedagogia. Estou debruçado sobre as imensuráveis palavras do rei, quando ele diz que os preceitos de Deus são mais desejáveis do que o ouro fino e são mais doces do que o mel, mais saborosos do que o gostoso gotejar dos favos. E é mesmo assim. O ouro é uma riqueza diferente dessa pela qual as pessoas têm derramado seus sonhos, suas lágrimas e sangue. É uma riqueza fina, abstrata, e é o que diferencia entre ser feliz ou ser amargurado, entre o livre e o rabugento. Essa palavra é doce, gotejante, perene em sua formosura. Porque nossas almas têm uma estranha vocação para a amargura e ao ranço, parece ser mais apetitosa à rudez do que à gentileza. O que essa palavra faz é devolver uma caminhada inversa, que destila doçura e paz no meio da amargura insana que às vezes nos rodeia. É uma palavra para mudar essa viciosa vocação das nossas almas. Eis o grande milagre dela: luzeiros no meio da escuridão.
Isso se parece com o terreno do plantio. E seria fácil assim, não fosse o esterruamento. É que a palavra do rei continua dizendo que por essa doçura e por essa riqueza, sua alma é admoestada, seus erros expostos como raízes secas, o orgulho como um adversário destemido. Que visão incomum tem o rei. Por causa da doçura e da riqueza, sua alma entra no difícil processo do esterruamento dela mesma. Os tocos e galhadas deixadas para trás não podiam impedir a semeadura.
A lembrança é boa e os dias não são mais tão longos. Sua parábola é, portanto, dorida. Minha alma, como a do rei, é aquela terra. Não posso resistir à doçura e a excelência da semeadura de Deus. É preciso esterruar. Algo grande, com grandeza, é posto sobre a terra do coração. O esterruamento continua sendo necessário. Ainda me lembro do cheiro da terra removida, ainda sei dos pedaços de coivara sendo tirados de lá. Eram pedaços ocultos, eram eles que trariam o vicioso círculo do ranço e da amargura. Agora, tirados da terra num processo lento e paciente e, logo depois, a semente com a chuva da semeadura.



Paz e a gente se encontra pelas terras da vida


Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 08 de julho de 2009

O INVERNO, QUEIMADAS E FLORES


O livro dos cânticos de amor de Salomão faz uma alusão ao começo da primavera. Lá, é o fim do inverno, o tempo de cantar as aves e de surgirem as flores na terra. E o meu pensamento faz a viagem contrária e translitera a fala de Salomão, buscando dela o inverno que morria, mas que é devido à terra de cá, visto que também é tempo de surgirem as flores por aqui...
Simples assim. É que o outono passou e o inverno chegou de mansinho para partilhar de seu curso, que é pequeno, como pequenas são todas as estações. Mas, é dele, o inverno, as mais belas noites do ano, o céu salpicado de milhões de estrelas, o frio íntimo que vem com essas mesmas estrelas e que fica até o nascer do sol no dia seguinte. É seco, com ventanias e muitas árvores desfolhadas... Parece contraditório o seu curso, mas este texto aponta mesmo é para a estação da alma, que acha no inverno uma figura de si.
É assim que chegam as flores. Paradoxalmente (coisa de alma), aqui em nossa terra, é, o inverno, o tempo das mais belas flores. Essas que nascem livres no campo e na mata fechada. Imensas árvores ou arbustos rasteiros são cobertos de cachos de cores e sensibilidade, como um convite à reflexão, quase uma agressão de beleza no meio da secura, uma súplica para que voltemos os nossos olhos e as nossas paixões às coisas menos exauridas da vida.
Essa palavra nos remete ao primeiro século da era cristã. Jesus olhou os lírios do campo da Palestina e suplicou aos discípulos que olhassem para lá. Era um convite a uma mudança de atitude naquilo que procuravam. Eles eram caçadores de milagres, de mudança política talvez, quem sabe até de crescimento, visto que alguns disputavam posição ao lado de Cristo. E a súplica de Jesus foi para que mudassem a direção de seus olhos. E é o que faz este texto. A florada do inverno é essa mesma súplica. Desvie a ideologia de seu olhar exausto, ressentido, desfigurado, como o campo nas queimadas de inverno, e olhe as floradas. Tem o ipê, as quaresmeiras, as sucupiras... Elas não teceram nenhum enfeite, não fabricaram cores, porém Deus as vestiu de glória e significados, deu-lhes um grito que ecoa pelos quatro ventos: esperança!
Lá, no começo do primeiro século, Jesus encerrou sua fala com lírios dizendo que o Pai conhece todas as carências de seu povo, por isso o convite à mudança de foco na caça de suas almas. Este texto, sem os lírios, encerra-se aqui, recorrendo às flores do inverno para suplicar que a direção que Jesus mostrou lá seja amada e procurada aqui. A alma humana pode mesmo ir na secura e na desfiguração das queimadas peculiares ao inverno, mas pode também sarar, mudar e libertar-se nessa mesma parábola de flores e encantos.

Paz e a gente se encontra pelas parábolas da vida



Colorado do Oeste, 01 de julho de 2009

A TEOLOGIA DO IPÊ COR DAS ROSAS


Não sei se é direito pedir um tempo de mais suavidade aos filhos de Deus, àqueles que labutam em algum terreno adverso. Não sei se isso é sábio ou até se está em desacordo com a teologia dos mártires. Não sei se posso pedir que o sofrimento seja banido, que a intolerância, seja qual face tiver, seja soprada para o infinito dos sete mares. A teologia dos mártires tem a clareza da porta estreita, nunca se fantasiou com um cristianismo de rosas, mas sempre soube do preço do discipulado e sempre deu as caras à intolerância e ao senso comum, rotulado, dos valores convencionados.
Eu soube que, nessa semana, cristãos foram mortos na índia, centenas deles, por muçulmanos radicais. Soube também que em Moçambique ocorreu a mesma coisa e que na fronteira tríplice entre Brasil, Colômbia e Peru, a igreja tem sofrido ameaças dos traficantes porque ela está “roubando” sua mais preciosa mão de obra: adolescentes e pré-adolescentes que procuram a igreja para escapar do crime e freqüentam os cursos alternativos que ela oferece. Isso é só uma mínima mostra do que tem acontecido aqui e no mundo. Eu queria pedir um tempo de paz a esses trabalhadores do reino de Deus, suplicar que seu labor fosse mais suave. Quis fazer uma apologia à teologia do descanso... Mas, eles sabem, sempre souberam do preço de trilhar pela porta estreita.
Porém, ontem vi um ipê rosa num quintal abandonado de uma velha construção. Uma beleza primeva, quase agressiva, de uma suavidade tal que parecia um convite à teologia das coisas plenas da alma. E eu sabia que em algum lugar ermo de Moçambique existia alguma família partida, algum pai sepultado, alguma filha sozinha... Esse foi o preço da intolerância. Sei também que lá na fronteira com a Colômbia, o crack tem sido confundido com estrelas num campo onde se fuma nas caladas da noite, e têm adolescentes morrendo, escravos de si, de pais distantes, também chafurdados na escuridão, capturados por falsas estrelas. No meio disso, numa construção abandonada, bem perto de mim, encontro a exuberância do convite à plenitude nos cachos rosados do ipê.
Não sei se isso é direito, mas queria que esse ipê brotasse na terra dos intolerantes indianos, que suas flores se espalhassem no chão destroçado pela guerra de Moçambique, que comovesse e acordasse ao belo os adolescentes das pequenas cidades que ainda confundem droga com estrelas. Ponho-me a pensar e a sentir uma teologia constrangedora: como pode em meio a tanta dor existir tamanha beleza? É por essa beleza que escrevo e que suplico, na esperança final de que pelo menos na alma dos que labutam, antes que o inverno chegue de verdade, quando menos esperarem, ao dobrarem uma esquina, surpreendam-se com a exuberância do ipê cor das rosas. E saibam, não estão sós. Alguém vê, alguém ama, alguém suplica pelas coisas plenas da vida.

Paz e a gente se fala pelos ipês de qualquer esquina...


Colorado do Oeste, 16 de Junho de 2009