sábado, 11 de julho de 2009

UM TEXTO ENCANTADOR



Um texto encantador. É o que abre o segundo livro dos salmos. É breve, porém é profundo. Breve, porque trata das coisas do ser humano, e profundo porque se aventura nas coisas do céu. É humano porque fala da solidão, da tristeza, discorre sobre aquelas insistentes lágrimas noturnas, fala do medo... É divino porque revela a mais genuína das buscas humanas e a mais cruel das formas de solidão. E ambas se resumem em Deus. Nenhuma procura é mais sublime, é como um sedento no deserto. Nenhuma solidão é mais atroz, é como o cervo que anseia pelas correntes das águas que estão ocultas em lençóis cobertos de uma imensidão de areia.
O caminho por onde desfila as palavras deste poema é um desfiladeiro dessa dialética extraordinária: o que é divino, como bailarinas sedutoras, dançando dentro do que é humano. E, o que é humano, como um cervo no deserto, caçando uma fonte que lhe possa devolver a vida. É mister compreender isso. Todas as provações da terra, inevitáveis que são, seriam melhor compreendidas se resolvêssemos a questão central de nossas almas. E essa questão é: “... Assim suspira a minha alma por ti, ó Deus”. Isso é um fato e é irrevogável. É a questão crucial da nossa procura. As outras coisas, por mais paradoxais que sejam, são barrancos na beira do caminho, nada mais.
A pergunta é uma flecha que acerta o alvo. Perguntar a coisa certa conduz à resposta certa. O texto é breve, mas é amplo na pergunta que descortina: “Por que estás abatida, ó minha alma e por que te perturbas dentro em mim”? Coisa humana e celestial. A humana é a reflexão, como o ranger de uma porteira sendo aberta. É a lembrança dessas coisas e a quebradura de uma alma derramada perante a perspectiva da adoração... Que palavra imensurável, porto seguro para toda alma errante. Isso termina em gritos de alegria e louvores. E isso tudo é celestial. O que é do céu vem como água fresca na boca do sedento no causticante sol do deserto: “O Senhor dirige o seu amor”, e nas horas ardilosas da noite: “A sua canção está comigo, uma oração ao Deus da minha vida”.
Só para lembrar e fechar um pedaço da porteira desse texto: é mister compreender isso. A mais genuína das buscas é Deus. A ausência dele é a mais cruel e incurável das formas de solidão. E o conselho para minha própria alma é: “Por que estás abatida? Espera em Deus, pois ainda o louvarei”.



Paz e a gente se acha pelos textos encantadores da vida


Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 08 de julho de 2009

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