sábado, 11 de julho de 2009

PARÁBOLA DO INVERNO E DO IPÊ

O inverno bem que poderia ser uma parábola da vida. É o tempo mais contraditório do ano. É frio, seco e, no mês de agosto – tempo de desgosto para muitos – a sequidão se acha soberana, embalada por ventanias sem fim. Há algum tempo fui dispensado de um cerimonial de casamento porque a família da noiva se recusou a realizar o evento no mês de agosto. Quem casa em agosto tem uma vida de desgosto.
Quanta crendice e quanta tolice! Porém, há uma janela de verdade em tudo isso. Uma janela mais simbólica do que real. O inverno e, em particular, o mês de agosto, são uma parábola da alma de muitas pessoas – talvez da sua hoje: corações secos, levados por qualquer vento, almas agourentas, enfastiadas pelo calor do dia...
Então, vem a surpresa. Justo aí, no tempo mais seco e de ventanias, o ipê rompe pelo campo, pelos quintais das casas, ele vem como uma agressão de sensibilidade e beleza, são cachos de alegria amarela no mais intenso contraste que a natureza é capaz de produzir. Acredite, isso é uma figura para nós.
Se o inverno é uma parábola, que fiquemos então com a figura do ipê. Se a vida é como a sequidão e desesperança de agosto, Cristo é a surpresa da sensibilidade e da alegria, que surge no tempo mais complicado de sua vida e transforma o coração cansado e ressecado em um coração alegre, enfeitado, pleno de esperança e paz.
O ipê está aí para dizer que a esperança é viva, mesmo que se faça um tempo difícil como é o inverno. O ipê é uma lembrança do que Cristo é, do que Ele está fazendo e do que pode fazer no futuro. Se o ipê vem nos lembrar que a beleza e a sensibilidade estão presentes em meio à poeira e à seca, Jesus é tudo isso, só que é dentro da alma e com uma coisa a mais: não terminará com o fim de agosto. É que as coisas de Cristo em sua vida são eternas.

Colorado do Oeste, 22 de julho, 2008.

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