sábado, 11 de julho de 2009

SOLIDÃO


Parei para ver aquela terra. E ela me feriu.
O que tinha lá?
Uma porteira,
Estrada de terra batida, o campo e algumas árvores.
Por que me feriu?
A solidão!
Era a fotografia de minha alma.
Era a fotografia que queria de outra alma.
Por que as pessoas preferem as festas em lugar da paisagem?
Uma rua de grande movimento à porteira plácida da estrada?
Porque suas almas não suportam a solidão.
Não podem estar só consigo mesmos.
O amigo feito na bulha é efêmero,
Porque não teve conteúdo para compartilhar.
A solidão tem tanto a dizer.
Não diz. Não porque não ame as palavras,
Mas porque ama a interpretação.
A solidão quer ser interpretada.
O amigo que se acha naquela porteira
Jamais Verá um som que lhe perturbe a paz,
Será eterno,
Porque nasceu do silencio do outro.
Estar só é como pegar aquela estrada.
A solidão é como chegar à porteira,
Interpretar o que vai do lado de lá,
Que é tão de cá.
É ver com os olhos da gente mesmo
A imensa beleza que se é capaz de sentir,
E, por que não?
Imaginar...
Aquela estrada é mesmo pequena e muitos nunca a acharão.
Só não quero que a pessoa amada se perca a buscar palavras
Onde elas nunca serão ditas...
Devem ser interpretadas,
Como também é aquela porteira.


Janeiro de 2001

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