quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



A MÚSICA

Música, música...
E mais música...
Para alguns, a música é uma “besteira”, uma coisa que não dá para se viver perto dela. Já, para outros, a música é “vida”, a fórmula para se viver bem.
Há muitas coisas boas e ruins por trás das músicas. Há prazer, dinheiro, amor, impureza, etc.
O tempo vai passando e o gosto mudando e, nesse mesmo circuito, o estilo também muda. Há coisas que um adolescente de dezesseis ou dezessete anos não vê na música, mas uma criança de dez anos vê e sente com clareza.
Não basta só escutar a música, é preciso senti-la no coração!


Débora Rafael de Morais

terça-feira, 13 de dezembro de 2011






Filosofia de cabeça para baixo
Uma perspectiva do tempo...



Eu olhava o mundo de cabeça de para baixo. Ele me parecia imenso visto daquela maneira, o tempo se insinuava longo, o futuro distante, dias imensuráveis, o fim deles, inimaginável. Eu era um menino com a cabeça enfiada por entre as pernas vendo o mundo às avessas e cogitando uma adultice inatingível.
Lá se vão quatro décadas desde aquela filosofia de menino de cabeça para baixo. O problema é que a adultice não estava tão distante assim, o tempo é coisa mais fugaz do que jamais imaginei. Cá estou, do lado de cá da quimera, adulto e com todas as fadigas que pude arrastar de lá para cá. É preciso que se pense seriamente no tempo para poder usufruir as coisas menos sérias que ele tem... Suas melhores coisas. A vida é bela porque é breve (que contradição!) e é perigosa porque é temporal. O fim faz a vida ser assustadora, mas também é ele, esse fim iminente, que a faz surpreendentemente preciosa. Cada minuto pode ser o último, cada beijo, cada cor, cada página de um livro... Tudo pode ser derradeiro, ou, quem sabe, repetir-se por décadas... Não saber é a questão. Fui às escrituras, conselheira maior, a fim de compreender tal coisa.
Nas palavras do escritor sagrado encontrei a fugacidade e a beleza – Conceito primevo de sabedoria. Dizem que os anjos nos invejam porque a perspectiva do fim faz cada instante ser único e, acrescento por conta das minhas próprias dores, irrepetível. Vêm as escrituras, filosofia do Deus eterno, e diz que antes que os montes nascessem ou que a terra se formasse Deus é de eternidade a eternidade... Conceito para os teólogos digladiarem. E eu, o que sou? Pó que o vento leva, como o dia de ontem que se foi ou como os mistérios da noite. A palavra que me define não para aí, é poética para embelezar e triste para me fazer um pouco menos tolo... É isso o que a brevidade, por fim, deveria nos dizer. Sou como um sono, como a relva que floresce na madrugada e à tarde, murcha e seca... Acabam-se os meus dias como um breve pensamento, tudo rápido como um vôo... E o fim? “Ensina-me a contar os meus dias para que alcance um coração sábio”. É preciso lembrar, esse é o conceito do Deus eterno e não o do menino de cabeça para baixo.
Assim é, eu olhava o mundo às avessas e talvez isso seja mais sábio do que vê-lo agora, adulto e de cabeça direita. A diferença? Valores e a praticidade, já que vivemos num mundo pragmático, de vivenciar cada minuto como se as coisas não tivessem fim. O que realmente valeu a pena nessas quatro décadas? Amar pessoas, conhecer a Deus, fazer as coisas aparentemente menos úteis. As melhores lembranças moram aí. O resto é efêmero. “Louco, esta noite pedirão a tua alma”...


Paz e a gente se fala pelo tempo que ainda nos resta...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011



Eu queria
Coisas úteis e inúteis


Passo sempre por uma estrada que margeia o vale de um rio pequeno. Nas encostas desse riacho sobe uma colina que se multiplica em três ou quatro elevações, verdes, parecendo coisa nova... É sempre o fim da tarde o meu caminho por lá. O carro mais devagar para acompanhar as intenções da minha alma, um propósito lúdico de flertar com o cume da colina. Eu queria estar lá, muitas vezes sonhei com ela, armar lá uma tenda em noite estrelada, daquelas do mês de julho, ver as horas passar, contar as mesmas estrelas, arrepiar a pele com o friozinho das madrugadas em tempo de seca... Eu queria dormir naquela colina.
Por que não posso?
Queria outra coisa. Minha cidade é pequena, plantada no meio de morros e igarapés, acidentada... Mas tem, a cada dia, um por do sol de encher os olhos. Eu queria andar por ela todos os dias nessa hora de seus últimos raios de luz. Lá, parece que o sol digladia ou que o tempo se torna, de repente, preguiçoso, arrependido de ter sido tão ligeiro, tentativa explícita de durar um pouco mais. É pura reflexão, o fim de um pedaço e o começo de outro. Todo dia é assim, e eu queria, em todos eles, estar lá...
E isso também não pude.
Queria ficar sozinho com os meus livros. Ah, os meus livros! Por que tenho esse incômodo sentimento de “culpa” quando esqueço o resto do mundo para ficar com eles? É que de uma página à outra as horas se vão (e as acho tão pequenas) e coisas mais úteis e necessárias deixam de ser feitas. Então, por que amo os livros “inúteis”? Por que acalento historias de muita fantasia e pouca praticidade? Eu queria tomá-los e com eles partilhar um tempo sem fraturas... Também isso me foi negado, mesmo que o fim fosse belo.
Eu queria... Queria... Queria...
Por que não?
Pois fui ao templo às 23:00 para orar... Esse foi o tempo que sobrou? Talvez, porém, surpreendentemente, minha alma dançou de prazer. Paradoxal? Possivelmente. Não dormi na colina, não me encontrei com o sol para ouvir suas confidencias ao fim do dia e meus livros ficaram um dia a mais na estante, eu estava cansado... Porém, a paz veio por outra bifurcação. O dia foi duro, as obrigações insistentes e o tempo pequeno. Nem sempre é possível fazer o que se quer. Corri pela manhã na labuta com as coisas “arranhosas” do ministério, pela tarde me debati com pessoas, corri na direção do reino de Deus, caiu a noite e eu ainda trabalhava... E o tempo foi mesmo pequeno para um dia peculiarmente cansativo, porém pleno de uma presença prazerosa.
Às 23:00 fui ao templo... Às vezes não fazer o que se quer pode trazer paz porque o centro do ser humano é a vontade de Deus. Cansar-se nela é refazer-se por ela, como o faminto que abocanha o pão. Assim, exausto, debrucei-me no banco do templo e sorri. Minha primeira palavra na oração daquele dia foi: “Ah, Senhor, eu queria agradecer”...
Eu sei, o tempo passará e a vida é mesmo séria, mas não abro mão dos pedaços “inúteis” dela...
Sei que vou dormir naquela colina...
Vou me encontrar com o sol na intimidade da sua hora , quando ele tenta se esconder nos morros da minha cidade...
Vou dar tempo aos meus livros...


Paz para você e a gente se fala também pelas coisas que você quer...


Eliel Eugênio de Morais
Pastor

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VENTOS RECENTES






Recentemente estive num seminário da Universidade Federal de Rondônia para escutar sobre livros e leitores. Saí de lá como o vento em movimento para parir beleza. Não é isso o que dizem dos poetas, que eles desandam a dar a luz ao belo? Que poetas? Que beleza? Pois lá ouvi, não me lembra de quem, uma frase simples, porém, como toda coisa simples, carregada de um humor poderoso contra aquilo que tem sido abortado em nome da beleza, mas que está, incuravelmente, marcado pelo estupro da mediocridade: “Gostaria que o sertanejo universitário se formasse logo e viajasse de férias para longe daqui”. Acrescento eu, quem sabe, para alívio nosso, nunca mais voltar...



Pois a sentença é bem esta. Volto ao recentemente, pois que também adquiri um aparelho de som, desses singelos que o orçamento de um escritor que nunca vende livros, permite. Então sentei-me, fone nos ouvidos, a escutar Bach, Logos e outras belezas. Minha alma assustou-se: “Há quanto tempo não separava um instante para me sentar ante a beleza”?... Minhas músicas! A questão recente é pensar porque nos rendemos a toda sorte de asneiras e lidamos com elas como se fossem normais? É normal à nossa alma se alimentar de comida de porcos? Pergunta as escrituras. Permita-me um passo a mais no que é recente. Fui ao templo de manhã, abri as escrituras com a intenção de ficar um tempo com ela, sozinho, telefone desligado, sem sons externos... E minha pobre alma assustou-se de novo e cochichou para si mesma: “Pensei que tivesse esquecido disso... Sua espiritualidade! É claro, eu já tinha feito isso antes, porém, os deveres necessários, insistentes e irritantes, desgastaram o que tinha de melhor: a beleza, coisa parecida com a infeliz mulher samaritana que vai ao poço tirar água sem se dar conta de que um rio podia fluir dentro dela.



Isso são ventos recentes, porém, perenes. Sei que o medíocre, tendência crônica de todos nós, tem o seu lugar, talvez sua maior glória seja tão somente realçar o belo. Quando aquele se acha inquilino, este é banido. O recente às vezes, se ressente. Então, ponho-me pasmo. Se o sertanejo universitário é isso, o que e ele será quando pós-graduar? O que me pasma é essa dorida percepção de que essa corja de mediocridades está batendo à porta dos templos. Vez por outra adentram nossas liturgias, vêm com nomes outros, distribuem lágrimas e determinações e mediocralizam o que poderia ser pleno, lançando o pretenso adorador numa bacia oca de subornos espirituais. É assim, pois a vulgaridade é a mesma. O medíocre emburrece seu hospedeiro, seja ele universitário ou religioso.



Então, finalizo esse farfalhar do vento... É preciso que se beba algum antídoto contra esse arquétipo. Fui a um seminário escutar belezas, comprei um som para deitar meus ouvidos à música, sentei-me sozinho, vencido pelas escrituras... Tomo por fim, emprestada, a palavra de um antigo livro: “Só o que é belo merece viver”.




Eliel Eugênio de Morais


Pastor

terça-feira, 18 de outubro de 2011

DOCE COMO VOCÊ



Manga é doce,
O cacau também,
Tamarindo é azedo,
E o limão,
Nem se fala...
Caju é meio a meio,
Jambo só às vezes...

Meu pai diz que
Gosta de mangaba,
Falou que é
Bem docinha,
E gostosa...
Mas, nenhuma fruta,
Seja a mais doce do mundo,
Não é mais doce que
VOCÊ!


Débora Rafael de Morais

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quimera Mulher




Uma mulher,

Certamente quimera,
Porém,

É jovem e bela, cabelos tomados de repente pelo vento,
Longos,
Fugazes como sua pretensão.

O que faz ali?

Um tipo impensado de sedução...

E solidão!

É doído e solitário seu andar por entre as rochas,

Devagar,

Não tem outra missão que a de seduzir

Meu pensamento,

Ventar sua solitude para meu encantamento...

Está só ao pé da muralha,

Parce paredes de um convento,

Muros de séculos idos, aproximados nessa mulher,

Nao é freira,

É mulher de paixões, íntima do meu paradoxo, ela...

Do lado de fora do muro, anda,

Exibe-se,

Suplica, como a partilhar ausências...

Sabe que só meus olhos a fitam, posta ali para um só olhar,

E eu queria flertar...

Veste uma blusa escura, meio verde e meio azul,

Ela, indecifrável...

A saia, porém, é branca,

Tingida só de poeira das pedras e do muro,

Do campo...

É bela,

Caçadora,

Expõe-se, avassaladora,

Mortal a mim, pois sou o único que a vê – Presa única!

É inexistente,

Existe somente na imagem que fiz,

Criador, presa da criatura, sucumbido na beleza e dor de lá...

Dito fica,

Sua solidão seduziu minha imaginação,

E, seduzido, sofri...

Ah, o sofrimento!...

Latente nos movimentos dela,

Envolventes na beleza dela,

Peçonha adocicada nos cabelos dela,

A machucar e embelezar a solidão dela...

Ela!

Ela sofre?

Isso tudo, devagar,

Como ela se move na solitude que a define.

Espera alguém?

Ama alguém?

É como o sol caindo para trás do muro numa tarde sem cor,

Nuvem e vento – vagarosos – para enfeitar os cabelos dela...

Sua pele é clara, porém marcada pelo sol incolor,

Leva uma cesta,

Talvez para derramar pétalas de lírios,

Marcar um caminho...

Ela sabe que só minha quimera a vê...

Se assim é, por quê sua solidão me traz contusões?

Freira não é, princesa também não,

Camponesa talvez...

É bela, vagando do lado de fora da muralha,

Não me vê,

Sabe-se vista,

Por entre as rochas

Destila solidão e beleza,

É ela...

Devagar – Não se pode esquecer!



Eliel Eugênio de Morais

Pastor



terça-feira, 4 de outubro de 2011

A História de um Cinto



A história vem de um livro datado de mais de cinco séculos antes de Cristo. É o livro do profeta Jeremias no Velho Testamento, conhecido pelos abundantes recursos de linguagem da poesia e da prosa hebraica do mundo antigo. Neste episódio, o profeta conta a história de um cinto.
Antes, porém, é preciso entender a simbologia do conto em questão: aliança e serviço. Algo semelhante com o que Jesus diria, séculos depois, sobre o “servo útil e fiel” em contraste com o “inútil” que quebrou o compromisso. É preciso também dilatar a palavra “aliança” e “compromisso”, que pode significar, simplesmente, se ater às palavras proferidas num acordo ou proceder de acordo com o combinado.
É nesse contexto que Deus fala ao profeta sobre a cidade de Jerusalém e lhe diz para sair e comprar um cinto novo, depois deveria levá-lo à beira do Rio Eufrates e escondê-lo nas fendas de uma rocha. Depois de muitos dias, a história não especifica quantos, Jeremias é instruído a voltar e retirar de lá o cinto. Porém ele estava roto e inútil e ele conta isso para Deus. Quanta figura e quanta moral há nesse conto!
A figura é vertical e este é um dos motivos do choro de Jeremias diante da sua Jerusalém. O tempo passou, muitos dias, e o cinto tornou-se podre e sem utilidade. Há que se compreender duas coisas. A primeira, é que o profeta toma o cinto e se apresenta com ele na cidade. Quem viu? Quem se ateve a compreender? A segunda é a explicação desse procedimento dada pelo próprio Deus. Ele disse que assim como o cinto está ligado aos lombos do homem, assim ele se liga a toda a casa do seu povo e com a cidade de Jerusalém. Quis o Senhor que eles fossem seu povo, que tivessem um nome, um louvor e uma glória... Porém, os dias foram tantos que fizeram à aliança daquelas pessoas o que o barro do Eufrates fez com o tecido do cinto: compromisso quebrado e vidas inúteis.
A parábola é viva hoje. Os dias são tantos e as lutas parecem tão tenebrosas que se travestem em argila. É necessário parar e refletir no que está apodrecendo o compromisso e a utilidade de nossa vida e, principalmente, de nossa espiritualidade. Posso citar alguns carunchos irrefutáveis: pecados, surdez, insensibilidade (destes Jerusalém foi acusada). Acrescento alguns apodrecimentos particulares do nosso tempo: fissuras de alma por causa do dinheiro e falta das fissuras necessárias ao amor, tempo de má qualidade, depressão e tantos outros... Os dias vêm, um após o outro, disfarçados de areia, e levam para nunca mais o que poderia ter sido pleno.
O profeta termina essa história com um clamor: “Escutai, e inclinai os vossos ouvidos, não vos ensoberbeçais, pois o Senhor falou”. É outra coisa bem parecida com a mencionada palavra de Jesus Cristo, “servo inútil e infiel”, que não se ateve ao compromisso de suas palavras. Afinal, espiritualidade ou religiosidade, só é mesmo útil se tem o procedimento vivo de mudança de alma. Acrescento só mais uma coisa: a história do cinto de Jeremias é uma figura para nos fazer temer e refletir, compromisso quebrado produz vida inútil.
Paz para você e a gente se encontra pelas figuras das Escrituras sagradas...


Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste - RO

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CONFERÊNCIA - 2011




Foi na IDB - Igreja de Deus no Brsil

Colorado do Oeste - RO

MISÃO RENASCER


Três dias de palavra e aprendizado. Recebemos o Pr Cesário Conserva - Missão Juvep - João Pessoa - PB

A esperança e o desafio permearam nossos momentos.

A Missão Renascer realizou sua assembléia ordinária anual tomando importantes decisões quanto ao ministério entre os riberinhos do Vale do Guaporé.

É mportante destacar o PFM - Projeto de Férias para Missões para o ano de 2012.

Imbuidos de esperança e desafio, Missão e Igreja, colocam-se á disposição do Senhor da seara.

obrigado aos que vieram de outras cidades e puderam ver o imenso desafio do sertão nordestino.

Terminamos a conferência com a pergunta: e agora?


BREVE

INFORMAÇÕES SOBRE O

PFM - PROJETO DE FÉRIAS PARA MISSÕES - 2012

RIO GUAPORÉ - PLANTANDO UMA IGREJA NO VALE

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre dívidas e Endividados




O cenário é a casa de um religioso, talvez o melhor lugar para se falar de dívidas. Jesus estava lá como convidado de um devedor que se achava em dia com seus credores. Era justo, dizimista, pautava sua vida toda nas minúcias da lei – que é legalismo - a forma mais des-humana de religiosidade. Esse é o homem que convida Jesus para almoçar em sua casa, sem imaginar as imensuráveis palavras que o aguardavam.
Pois que, em meio às delícias da mesa posta e dos fartos de justiça própria, entra uma endividada. Ah, permitam-me o suspiro e a reticência... Isso é susto, constrangimento e alegria misturados. Uma endividada! Ela sabia de sua parca possibilidade e miserável merecimento, mas que, sem palavras, derramou aos pés de Cristo toda sua conta, e fez isso em forma de lágrimas, azeite perfumado e beijos. Era prostituta, sem reticências, devia a si mesma, à sociedade, pois que também era de má fama, e devia a Deus. Entrou sem ser convidada, tocou sem ser permitida – o que é imerecimento – e ouviu o reclame do legalista e a desaprovação dos convivas. Mas, como nenhum outro pôde fazer, honrou a Cristo com a confissão pública dos seus gestos, e isso foi tamanho que sua história atravessou milênios e veio fazer a pauta desta conversa. Ela descobriu como lidar com a culpa e a solidão, talvez seus grandes débitos.
Jesus ponderou com a intimidade de seu anfitrião numa pergunta simples, porém, como no começo dessa fala, assustadora e constrangedora. Existiam dois devedores, um devia cinqüenta e, outro, quinhentos, mas nenhum tinha com que pagar. O credor perdoou a ambos, e aí volta a reticência... Qual deles amará mais? A pergunta é verdadeiramente simples, mas incômoda. Há dois tipos de pessoas: as que, explicitamente, devem muito, e as que pensam dever pouco. A prostituta da história era grande devedora e por isso muito amou ao lidar com o perdão. Tinha muito a agradecer, afinal como podia resolver seus débitos? O fariseu pensava dever pouco, por isso não se preocupou com a água para lavar os pés de seu convidado, nem com óleo para ungir sua cabeça, talvez, nem pensou naquela coisa de beijos... É necessário pensar no que essa história revela de nós mesmos. Em qual das categorias de devedores me acho? A quem devo? A abrangência dessa temática é maior e mais séria do que muitos querem crer, afinal, deve-se a quem e o quanto se deve?
Repetir a atitude do fariseu que ocultou suas dívidas numa pretensa prática religiosa legalista, ficando assim à vontade para apontar e julgar a inadimplência da prostituta, é uma tentação real, mas cruel às avessas e estúpida. Nesse aspecto ela foi melhor que ele, porque descobriu a alegria da intimidade, foi um passo além da lei em si, e encontrou alegria na confissão de suas pendências. Quem muito deve, muito ama, eis a questão. Essa é a encruzilhada posta hoje nessa conversa. De um lado, o religioso que a tudo justifica, do outro, a endividada que a tudo confessa. Última reticência... Cansada de dívidas, achou o caminho sublime das lágrimas, do ungüento e dos beijos. O fariseu? Esse desapareceu da história.


Eliel Eugênio de Morais
Pastor

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CONFERÊNCIA 2011





6a CONFERÊNCIA ANUAL MISSÃO RENASCER

4a CONFERÊNCIA ANUAL IGREJA DE DEUS EM COLORADO DO OESTE - RO


MISÕES - MIHA FAMÍLIA



02 A 04 DE SETEMBRO DE 2011
Colorado do Oeste - RO



PRELEÇÕES

PR Cesário Conserva Júnior

JUVEP

João Pessoa - PB


Abordagem Especial: Nordeste

sexta-feira, 1 de julho de 2011

LIMITES ANTIGOS - POBRE DE MIM!...



Estive lá. Não foi proposital, porém foi fatal. Um precioso golpe que abriu uma lesão sem cura. Ao me deparar com os primeiros casarões veio-me à mente as palavras sagradas “Não removas os marcos estabelecidos pelos antigos”. Tinha à minha frente ruas sinuosas, calçadas com pedras toscas. Eu sabia, em cada casa, uma história, em cada pedra, mãos escravas sangravam. Era impossível não ser poeta naquele lugar, pois que ali, a poesia parecia adormecida em um canto, no outro, corria, esgueirava-se pelas calçadas seculares, zombava da minha dor fugindo para os becos, depois, logo depois, vinha sorrindo, flertando, escravizando-me em seus encantos. Isso era fatal! Como resistir a ela? Como não me apaixonar por sua lesão? Que pena de mim que não descobri aquela terra antes!...
Vila Boa de Goiás. Outra viagem a trabalho, discussões, estatutos, promessas... A vida de todos é assim. Entrei naquela cidade porque já amava Cora, mas não podia imaginar ruas como aquelas. Somos assim, e, às vezes, é necessário escutar a própria alma porque é ela que nos aponta uma direção menos necessária, porém, mais humana e feliz, por isso, divina. Sou pastor e sei o quanto sofremos por eliminarmos o humano e o feliz do divino.
Fui à casa de Cora – A casa da ponte. Pobre de mim! De repente, me vi apaixonado pela ausência de uma velha, bebendo resquícios de sua presença. Como desejei ter estado ali antes... Teríamos muito que falar (eu teria muito que ouvir). Vi o fogão de lenha onde fazia seus doces, a cadeira onde se sentava para escrever, o ladrilho do chão, tão goiano na sua simplicidade. Fui tomado por uma saudade cortante do que não tive. Fui ao porão, beberiquei água da bica lá de baixo... Quanta tolice, pois que eu sentia ausência do que não foi meu. Pensava uma coisa só: como pude viver tão perto, por tantos anos, e nunca ter vindo até ali? Ocupação e cegueira. A ocupação escraviza e a cegueira mediocraliza. Pobre de mim! Deixei Vila Boa grato por tudo o que vi e sonhando com o que não vivi. Em casa, quase dois mil quilômetros depois, apanhei o livro de Cora e compreendi a ponte que faz aquela casa com o que diz o escritor sagrado.
Simples e dorido. Tudo o que é belo está pleno de Deus. “Não removas os limites antigos”. Se Goiás Velho preservou a velhice de uma mulher e isso foi tão importante, penso no divisor de águas que será para muitos descobrir os marcos que o próprio Deus eterno estabeleceu. Em Vila Boa não se pode remover as fachadas dos casarões e nem asfaltar as ruas... São marcos dos ilustres e escravos do passado (e quanta beleza tem lá!). Nas escrituras há palavras tão ou mais fatais que as de Cora (é possível isso? É sim!...). As de Cora vão da ponte ao coração e encantam... As de Deus vão do encanto à mudança, e aí reside sua força, posso até dizer que as de Cora são respingos das de lá. Só para citar, os marcos eternos precisam ser caçados, achados e amados. Esperança é um limite antigo, crença é outro e o amor é o maior deles. Ao colocar os pés na casa da ponte e cruzar o Rio Vermelho, vi a importância dos marcos para aquela cidade – Ela vive disso. Que figura para mim, pobre de mim, para aquela sentença da sagrada escritura.

Paz e a gente se fala pelos encontros com as coisas antigas...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor
Colorado do Oeste, 01 de Julho de 2011.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Casa da Ponte - Pobre de Mim!...


Se a poesia tivesse forma,
Seria a de pedras sobrepostas numa rua vazia...
Se tivesse mãos,
Seria as de escravos cansados sobrepondo pedras. Se tivesse pernas,
Seria as minhas subindo ladeiras de pedras antigas...
Se tivesse sangue – E quem disse que não tem?
Seria um Rio Vermelho correndo ao pé da serra...
E se tivesse nome?
Aí, seria, porventura, o de Cora ou o meu?
É que o dela sairia às escondidas de um porão secular
Para se debruçar na janela do casarão...
O meu,
Seria só o de uma alma saudosa do que não teve,
Amando o que não viu,
Sentindo o que já partiu...
Se a poesia tivesse morada, seria na casa da ponte...
E se ela fugisse?
Seria pelas ladeiras,
Deitaria a correr pelos becos...
E se quisesse se esconder?
Seria pelos segredos mil,
Dos mil e um casarões,
Becos e berros...
Por dádiva, de mim não se escondeu, nem fugiu,
Revelou-se,
Feriu-me...
Não pude fugir dela, nem quis,
Me rendi somente...
À cada pedra, ela me achou,
Na forma,
Nas mãos que nelas se feriram...
E o ferido, por fim, fui eu,
Na janela do seu casarão,
Na boca molhada do porão,
No transitar da paixão que dançou com as lendas
Na alma de uma velha...
Que pena de mim!
Saltei o baldrame de sua casa,
Toquei sua cama,
Acariciei o fogão onde fez seus doces...
Que pena de mim,
Pois que machucou-me a saudade do que não foi meu...
Ah, se a poesia tivesse um lugar – E deve ter-
Pois lá a vi,
Correu pela ladeira,
Bailou no umbral,
Flertou com minha alma,
Divertiu-se de mim...
E deu-me somente migalhas do que Cora foi...
Pobre de mim!


Eliel Eugênio de Morais
Pastor





terça-feira, 24 de maio de 2011

O ÍCONE E A PROFESSORA


Uma palavra sobre a educação




A vi num desses insípidos (insanos) programas de auditório. É professora, e chamou minha atenção pelo fato de seu nome
não ser o de nenhum desses ícones da educação. Alguns desses pensadores são corretos e dizem coisas relevantes, mas ela, de quem olvido o nome, é gente de sala de aula, lidando nesse conturbado processo pós-moderno. Pós o que? Ah!... O tempo cronológico é sim a fratura descontrolada da modernidade, porém, o trato com o magistério parece chafurdado numa era de dinossauros. Então, é assim, de um lado a velocidade hodierna, do outro, a cronologia perdida na leitura que fazem os técnicos em educação, exatamente como se existisse um tempo paralelo e a escola estivesse presa num gigantesco parque de dinossauros, até por que a idéia que a rege parece vir de lá: força e brutalidade.
Por ironia, foi a fratura, parque de dinossauros da inteligência, que a mostrou. Eu a vi e a ouvi. Uma professora comum que falou aos deputados e secretário de educação do Rio Grande do Norte e aos fraturados do Brasil inteiro. Sua voz foi de uma simplicidade absurda, por isso, sábia. Como bem disse um desses ícones (que dizem a coisa certa), alguém pode algemar, trancafiar e até amordaçar um ser humano, mas nunca poderá impedi-lo de espernear, pois sua mente estará sempre povoada de idéias e sonhos, e a idéia e o sonho levam além das algemas. A professorinha (diminutivo por seu tamanho, mas aumentativo por sua coragem coerente), é uma esperneadora. O ícone e ela têm razão. Amordaçaram a sala de aula, puseram o braço do professor na algema e caçaram suas idéias até trancafiá-las. Isso fizeram através das armas da ideologia, do concurso público, da má condição da escola, da exaustiva carga horária, do direito prostituído do aluno, da corrupção dos sindicatos, dos desvios de verbas da merenda, dos recursos ínfimos, da explícita prostituição salarial e intelectual dos que legislam... E tantas outras armas, todas apontadas e disparadas contra o professor e a mais inconsciente de suas vítimas: o aluno (qual o futuro desse país?).
Por isso, vi a esperança na professora pequena (grande foi o raio de seu esperneamento). Ela tem razão: nem eu, nem você... Somos salvadores da pátria. Nenhum professor, vítima de toda essa carga de amordaçamento, pode, com um giz e um quadro negro, ser o salvador da sociedade. Ninguém com curso superior e sei lá mais quanto tempo de especialização, pode trabalhar tanto e ser reconhecido por tão pouco, ganhar o que ganha (dinheiro e consideração) e preparar o país para o futuro. O aluno, alvo final, não pode ser o depositário de um produto tão putrefato.
Assim, a escola é um parque de dinossauros, seccionada do tempo, aprisionada ali, seja por burras (desculpem a palavra ofensiva) idéias ou por ser o gargalo dos gananciosos prostitutos e prostitutas (desculpem o eufemismo) da ideologia. Porém, a professora de pequena estatura e de jovem cronologia, me fez ter esperança. Eu sei... Salvar o mundo é coisa para Jesus Cristo, mas é possível sonhar, pois a esses foram dadas as idéias e elas podem transpor as cadeias. No mínimo, aos menos crédulos ou aos mais cansados, é preciso espernear.

Eliel Eugênio de Morais
Pastor




ps.: O nome dela, lembrado em tempo (tomara que assim seja, é AMANDA GURGEL).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A PAINEIRA COR DE ROSA





Uma Parábola do Bolso e da alma




A situação parecia desastrosa. Pus-me a perguntar: por que as coisas têm que ser tão difíceis? Contas a pagar... Elas parecem se multiplicar. Refiro-me àqueles custos indispensáveis do ministério: aluguéis, sustento de obreiros, despesas de viagens, e aos arroubos da alma: irritações perdas e cansaço. Para que a palavra (a coisa que mais amo) possa chegar aos ouvidos de ovelhas errantes (a coisa que mais Deus deseja), é necessário mover uma grande estrutura. Em um domingo estava no púlpito da igreja, pronto a falar a um auditório limpo, inteligente, também pronto a ouvir. Assim, me vi a pensar em tudo o que foi necessário acontecer para que aquele momento pudesse ser usufruído.
Gosto de andar no fim do dia. Minha cidade oferece um por do sol incomparável. Nesse dia, enquanto o sol morria (beleza extrema), minha alma se corroia (preocupações irritantes, dessas que não foram ditas na hora da vocação). Saí a caminhar (uma terapia que funciona). Surpreso, vi que já era maio e as paineiras tomavam a cidade com uma beleza cor de rosas... Eu andava e perguntava: Deus, como pode haver tanta beleza em meio a tanta agrura? O mesmo Deus que provê o rústico outono com uma florada dessas não é poderoso e amoroso o suficiente para prover as pessoas e o dinheiro de que necessitamos?
Essa pergunta tem dois problemas e uma alegria só. O primeiro problema é por que quem pergunta assim é poeta. O poeta traveste a dor em beleza e sonha que do mesmo modo como Deus deu a paineira, dará dias rosados aos que o buscam. Isso pode ser só metade verdade, e o é por causa do segundo problema - a outra metade: quem pergunta assim tem que estar disposto à verdade, e ela é cruel. Deus proveu a paineira porque ela quis, porque assumiu o processo de dor ao dar suas folhas pelas flores. A beleza, portanto, brotou do esforço e da dor. Pessoas são assim. Se não houver a mesma entrega, seu outono será somente agruras. E a alegria, aquela que é só uma? É que o poeta não deixa de ter razão na sua metade. O mesmo Deus que proveu o rosa das paineiras, proverá o dinheiro e os sonhos. Isso merece crédito. A questão é que fará isso através de pessoas e processos, exatamente aquelas que se fizerem dignas de serem usadas como as pétalas cor de rosa.
Ah, só para lembrar, aquela palavra saiu do púlpito e achou guarida em alguma ovelha, errante ou segura, porque muitas pessoas pagaram a conta daquele negócio. Eu sei que depois do outono, virá o inverno... Serão outras agruras e outras contas, então, Deus proverá o mundo com o ipê, e eu outra vez vou sair a ver o por do sol, vou crer de novo. Quem é poderoso para prover o mundo de beleza tal, o será também para suprir minhas mazelas, sejam elas da alma ou do bolso.

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Profeta e a Noiva


A fala do profeta é um convite a participar da nova aliança enquanto é tempo. Usa a linguagem do mercador, fala de um produto escasso e essencial: a água. O convite é para todos e é gratuito. Fala da água, que é essencial à vida, mas também fala do leite e do vinho, que são as delicias e alegrias do viver. Deus pressupõe que tem sempre alguém com sede ou com fome. Ao sedento, tem um convite: “Vinde às águas”. Ao faminto, o mesmo convite: “Vinde e comei, sem preço e sem dinheiro, vinho e leite”. Sem dinheiro e sem preço, ao contrario do que muitos pensam, significa algo tão caro que não havia possibilidade de ser pago. Por isso, “vinde e bebei... Vinde e comei”! É uma palavra que alcança o significado de todas as pessoas de todos os tempos e de todos os lugares. Essa crônica se abre e se rende a dois desses significados. O primeiro nos remete à evidencia brutal dos que caminham sedentos e famintos sem discernir quem são e como estão. Por isso são pessoas que não compreendem seu real estado e criam atalhos para sobreviver. É por isso que se encharcam de adultérios, aprofundam-se na solidão, despedaçam-se na depressão, esmurram pontas de facas nos sentimentos corrosivos de culpa e ciúmes e, por fim, perdem-se nas infinitas disputas insanas. Mas tem o segundo significado e esse também é uma evidencia incontestável. Incontestável e sublime, daqueles que se enxergaram assim, por isso são pessoas gratas por tudo o que Deus representa para elas. É o tudo diante do nada, o novo diante do que passou, a pobreza que se acha na riqueza, a escuridão que cede à luz... Não tem fim o modo de se explicar isso. Pessoas que compreendem quem são não precisam de bulha para viver. São adoradoras, acharam-se livres, são conhecedoras e amantes (menos danificados) da escritura sagrada. Por isso só, fizeram-se discípulos à cada dia, passo por passo, tempo por tempo... A gratidão vive e embeleza o coração daqueles que se acharam assim. Tudo se consuma na esplendorosa visão do apocalipse: uma noiva enfeitada para o casamento! O tempo da descoberta do profeta até a descrição dessa noiva é de aproximadamente oito séculos. Que importa? O tempo não é mesmo cronológico para a beleza, ao contrario, contribui com ela. Então, a fala do profeta aconchega-se na visão da noiva. Ela é a pessoa descoberta lá, aquela de todas as eras e de todos os lugares. Sabe o que isso significa? As pessoas de todos os tempos verbais: Eu, tu e ele. Somos a noiva. De seus olhos foram enxugadas todas as lágrimas, não haverá mais morte, não mais haverá pranto ou lágrimas, nem dor, porque as coisas do primeiro tempo já passaram. É claro que ela é a figura de todo aquele que se achou sedento e bebeu, viu-se faminto e fartou-se. Esse é o casamento triunfal dela, e é isso o que opera a insondável troca de uma pessoa indigente para um degustador, de um ressequido para um bebedor. A noiva termina assim, figura de mim e das outras pessoas verbais. “Escreve, pois verdadeiras e fiéis são essas palavras”.


Eliel Eugênio de Morais

Pastor

Investigação - Uma Palavra no Salmo 40


O poema é um cântico de agradecimento, seguido de um grito de angustia e, por fim, termina na maior confissão de amor já registrada. É preciso lembrar que pessoas são como ovelhas, dão a cara aos lobos, aos espinhos e depois fogem para o deserto onde ficam remoendo sua solidão. São também semelhantes à dracama dos escritos de Lucas, porque escolhem os cantos escuros da casa a fim de se esconderem de si mesmos e dos outros, depois sofrem com a escuridão e o sentimento de perdição. É preciso não esquecer que as pessoas são pródigas, pois que escolhem deixar a casa do pai e lançam-se nos braços da prostituta e da dissolução. Depois, sofrem com a ocupação e com a comida dos porcos. Não se impressione, todos temos pedaços dessas figuras. É preciso que paremos o mundo, se possível for, a fim de pensarmos no fim de cada uma delas. A escritura do salmo fala de uma espera paciente pelo Senhor. Isso é uma mistura de paciência com ansiedade, marcada, enfim, pela confiança. Deus se inclinou e ouviu o grito do escritor, tirou-o de um charco de lodo, coisa que os eruditos chamam de “a cova fatal”. Deus dá-lhe uma rocha sobre a qual lhe firma os pés, consolida-lhe os passos e põe uma música nova em sua boca. É fato que muitos verão isso, temerão e confiarão no Senhor, mesmo que sejam pessoas-ovelhas, gente com alma de moeda ou, tão somente, um prodigo cansado da prostituição e porquices da vida. O texto é feliz... Porque Deus ouviu o grito de um infeliz! Felizes os que esperam no Senhor, os que não andam de mãos dadas com a soberba, que não têm peçonha nos seus pensamentos, que não se desviam e nem flertam com a mentira. Sabe por quê? Por que as maravilhas do Senhor são incontáveis, seus pensamentos estão acima de qualquer conceito ou número. Há um livro que conta de mim, da ovelha, de todo o que se perde... Porém é porteira aberta e o perdido se acha na maior de todas as revelações: o que estava morrendo, reviveu! Então, espero pacientemente nele... Pode haver sabedoria que se equivalha? Ah, deleito-me nessa espera... A palavra que provém dele, o Senhor, está dentro do meu coração, por isso dela falo, não escondo os meus lábios, não me nego á sua benevolência e nem quero, de modo algum, procurar algum canto escuro para furtar minhas mazelas da sua verdade. Ela é luz para o meu caminho e lâmpada para os meus pés. Assim, a incursão a este poema é um tratar da desesperança e do sofrimento, venham eles de onde vierem. Essa palavra é um convite à ação de graça, ao grito na angustia e à confissão da alma, seja ela de amor ou de segredos tenebrosos... Não estou dizendo que sua agrura passará... Estou convidando você a gritar por socorro, a confessar seu tamanho e seus pecados, estou convidando a orar... Sempre lidamos com a envergadura imensurável deste verbo. Orar é esperar pacientemente pelo Senhor.


Eliel Eugênio de Morais Pastor

quinta-feira, 10 de março de 2011

curica



É nome de galo. Não do predileto.
Ah, molecada!...
Pedradas no poleiro,
Torcida nas brigas com o preferido.
Curica sempre perdia...
Sofria mesmo do mal da implicância.
Coisas da molecada...
O tempo tudo leva... Até a molecagem?
Pois é!
A terra seria deixada. Tudo era despedida.
Cavalo, porcos, galos...
Bom homem o Curica comprou. Vingança de moleques.
Que alívio. O Curica ia-se embora...
Molecada reunida, última viagem do galo mal querido.
Ajeitados,
Estilingues no pescoço,
Riso na cara,
Curica debaixo do braço...
Fim de tarde,
O sol bonito no campo, o cheiro do araticunzinho,
Guabiroba,
Mamacadela...
Espera impaciente para livrar-se do galo.
Então ele aprontou a ultima das suas...
Na espera, escapou,
Correria pelo cerrado.
O sol pálido,
Verde suave nas sombras do Pau Terra...
O Curica para e a poesia brota de sua garganta.
Seu canto rouco de tristeza cortante.
Molecada parada...
Silencio,
Amarras nas gargantas mudas!
O galo se deixa apanhar, suave,
Conhecedor de seu destino.
O som do seu canto espalhando-se lentamente,
Doendo,
Roubando a implicância de tantos dias...
Molecada calada,
Acariciando o dorso do galo, cada um por vez,
Olhos apertados,
Despedida sem palavras de almas vazadas pela poesia de um canto,
De um galo amado pela primeira vez,
Triste pela primeira vez... Na última vez que o Curica cantou.

Eliel Eugênio de Morais

MISSÃO RENASCER - DETERMINAÇÕES


MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
Uma Visão de Amor

Reunião Diretoria em 04 de Março de 2011

Decisões e considerações

1. Projeto Guaporé 2011-
Decidiu-se que a Missão voltará a atuar com o Projeto de Férias para Missões (PFM) nos moldes antigos a partir de julho de 2012. No momento trabalharemos pela compra de um barco de alumínio e atuaremos com equipes pequenas de assistência ao Guaporé. A responsabilidade do projeto no rio ficará sob a orientação da base de Pimenteiras (IDB – Pr Luís Fernando).

2. A próxima reunião da diretoria ocorrerá em 06/08/11 na cidade de Pimenteiras do Oeste.

3. A Assembléia geral será no dia 03/09/11 em Colorado do Oeste por ocasião da conferência anual.

4. Conferência Missionária Anual – De 02 a 04 de Setembro em Colorado do Oeste.

5. PRODAF – RONDÔNIA 2011 – A Missão estará nas Igrejas de Deus abaixo:
a. Colorado do Oeste – Dia 17/04/11
b. Cerejeiras – Dia 19/06/11
c. Pimenteiras do Oeste – Dia 14/08/11
d. Vilhena – Dia 16 de Outubro
Obs.: Relembramos a importância do compromisso firmado de todos se fazerem presentes nesses locais e datas.

6. Projeto Trilha em Porto Velho – RO – Dias 26 a 28 de maio de 2011.

7. Ajuda de Custo para operação da Missão Renascer
a. Cada uma das Igrejas do Cone sul contribuirá mensalmente com R$50,00.
b. Cada membro da Missão contribuirá mensalmente com um piso de $15,00, sendo que o casal casado será contado como uma pessoa.
c. Dados para depósito:
Missão Renascer
Conta Corrente: 5553-0
Agência 1504-0
Bradesco

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SUPER LANÇAMENTO


QUANDO FALAM AS FLORES
Um Romance do Tempo

... “Um Romance que viverá em sua alma, uma história que jamais morrerá”.

Eliel Eugênio de Morais
Coleção Goiânia em Prosa e Verso
Editora da UCG – Editora Kelps



115 páginas - R$30,00 - Incluindo despesas de envio
Entre em contato e desfrute de uma deliciosa leitura
elieleugenioemorais@hotmail.com


Eu sem ti, a esperar...


Cada dia penso em ti,
Cada dia um pouco mais em ti,
Como um náufrago que busca um porto seguro,
Como o pobre que anela um bem querer,
Talvez, até,
Como uma estrela errante anela o lugar onde se escondem as luzes...
É como o poeta que,
Esperneantemente,
Procura o lugar onde se esconderam as palavras...
E, de repente,
Saltaram de dentro de si,
Como um uivo,
Um capelobo que busca e traga sua presa,
E, depois,
Deixa os restos,
Largados numa atitude de quem já saciou sua fome.
É que, essa fome, na minha alma a esperar,
Nunca foi mesmo como o capelobo,
Porque nunca se fartou... Porem, ironicamente, deixou pedaços da presa pelo campo.
Pedaços,
Como a vida do náufrago que se esvai...
Esse náufrago sou eu a pensar em ti,
Sou o pobre que definha na imaginação do teu corpo...
A fome de ti é caçadora,
Um capelobo,
Que me achou numa casa deserta, arrombou suas portas,
Defraudou sua segurança,
Despedaçou o que me restava de lucidez,
Depois se foi...
E deixou os restos de sua caça.
Eu sou esse resto, a te esperar, ainda numa insana esperança,
Como se os lugares ocultos das estrelas pudessem ser revelados...
É que minha esperança é como o lugar onde nasce a poesia no coração do poeta,
Uma nascente de fantasia.
Assim é que fico,
A pensar,
Um pouco mais,
De qualquer coisa que restou da ferocidade do capelobo,
Qualquer coisa que seja a mais de ti.

Eliel Eugênio de Morais

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O espírito com letra minúscula - O Rio da Casca



Regressávamos de uma longa viagem, a família toda dentro de um desses carros populares que o orçamento de um pastor permite possuir. O apertume lá dentro nos fez parar na Chapada dos Guimarães, só para esticar o corpo e sorver a liberdade do ar. Entrei por uma trilha pequena às margens do Rio da Casca... E as lembranças vieram como uma ventania e fluíram pelo cheiro do cerrado. O chão era igual ao que eu pisava nos dias de menino entre uma fazenda e outra nos rincões de Goiás. Toquei a marmelada e o murici... Lembranças sem preço de um tempo sem pressa. Agradeci o dom de sentir. As crianças se atiraram na água, deleitando-se no frescor de uma cachoeira sem igual, muitas cachoeiras e, cada uma, ímpar. Eu, ferido de beleza pelo dom de ser humano, encharcado de gratidão pela paz celestial e pela alegria terrena que me invadia.
Fui ao livro de Ezequiel no Velho Testamento e me pus a refletir no espírito dos ossos secos. O tempo daquela figura remetia aos dias logo depois da destruição de Jerusalém no século V antes de Cristo. Uma cena de morte como nas antigas batalhas. O profeta dirigiu sua palavra a um povo perdido, massacrado pela guerra e pela perda de sua cidade e suas pessoas, uns, perdidos para a escravidão e, outros, degolados pela espada. Aquele Vale de ossos era a figura da alma dessa gente. Foi na mistura dessa visão do profeta e a trilha livre do Rio da Casca, que descobri uma coisa ímpar. Deus pergunta ao profeta se aqueles ossos poderiam viver e lhe ordena que profetize ao espírito afim de que vivam. A palavra “espírito”, proferida ali, aparece com letra minúscula, o que significa que se referia às coisas humanas. Que revelação grandiosa e cruel... Era uma multidão de securas porque perderam o que era humano. O espírito veio dos quatro ventos, conforme a profecia, e soprou sobre os mortos do vale. Somente depois, lá no fim do episódio, surgirá o Espírito com letra maiúscula, aí sim, referindo-se às coisas do céu.
Assim, entre o livre vento da Chapada dos Guimarães e o Vale de Ezequiel, pude reavaliar o encanto que Deus tem pelas coisas de nossa alma. Coisas minúsculas. Viver sem isso seria passar pelo mundo como os ossos secos de um vale qualquer, escravo das perdas, da espada e da gula pelas coisas que julgamos necessárias. Afinal, não foi o próprio Deus quem primeiro referiu-se ao espírito com letra minúscula, que os mandou ficar de pé e, só depois de recuperar o que era minúsculo, falou sobre a profecia do maiúsculo?
As cachoeiras e os caminhos do Rio da Casca são muitos, seus ventos, inumeráveis... Outra revelação. O texto de Ezequiel diz que os ossos eram numerosos. Quanta gente ainda quer o maiúsculo sem se preocupar com as coisas menores, abraçando um erro simples que, dia após dia, sem que se perceba, aumenta o numero dos ossos secos no vale. Por isso faço minha a sentença do profeta: “Ossos secos, ouvi a palavra”... E não se surpreenda se ela começar com letra minúscula!


Paz para você e a gente se encontra pelas letras da palavra...



Eliel Eugênio de Morais
Pastor