quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quimera Mulher




Uma mulher,

Certamente quimera,
Porém,

É jovem e bela, cabelos tomados de repente pelo vento,
Longos,
Fugazes como sua pretensão.

O que faz ali?

Um tipo impensado de sedução...

E solidão!

É doído e solitário seu andar por entre as rochas,

Devagar,

Não tem outra missão que a de seduzir

Meu pensamento,

Ventar sua solitude para meu encantamento...

Está só ao pé da muralha,

Parce paredes de um convento,

Muros de séculos idos, aproximados nessa mulher,

Nao é freira,

É mulher de paixões, íntima do meu paradoxo, ela...

Do lado de fora do muro, anda,

Exibe-se,

Suplica, como a partilhar ausências...

Sabe que só meus olhos a fitam, posta ali para um só olhar,

E eu queria flertar...

Veste uma blusa escura, meio verde e meio azul,

Ela, indecifrável...

A saia, porém, é branca,

Tingida só de poeira das pedras e do muro,

Do campo...

É bela,

Caçadora,

Expõe-se, avassaladora,

Mortal a mim, pois sou o único que a vê – Presa única!

É inexistente,

Existe somente na imagem que fiz,

Criador, presa da criatura, sucumbido na beleza e dor de lá...

Dito fica,

Sua solidão seduziu minha imaginação,

E, seduzido, sofri...

Ah, o sofrimento!...

Latente nos movimentos dela,

Envolventes na beleza dela,

Peçonha adocicada nos cabelos dela,

A machucar e embelezar a solidão dela...

Ela!

Ela sofre?

Isso tudo, devagar,

Como ela se move na solitude que a define.

Espera alguém?

Ama alguém?

É como o sol caindo para trás do muro numa tarde sem cor,

Nuvem e vento – vagarosos – para enfeitar os cabelos dela...

Sua pele é clara, porém marcada pelo sol incolor,

Leva uma cesta,

Talvez para derramar pétalas de lírios,

Marcar um caminho...

Ela sabe que só minha quimera a vê...

Se assim é, por quê sua solidão me traz contusões?

Freira não é, princesa também não,

Camponesa talvez...

É bela, vagando do lado de fora da muralha,

Não me vê,

Sabe-se vista,

Por entre as rochas

Destila solidão e beleza,

É ela...

Devagar – Não se pode esquecer!



Eliel Eugênio de Morais

Pastor



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