quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



A MÚSICA

Música, música...
E mais música...
Para alguns, a música é uma “besteira”, uma coisa que não dá para se viver perto dela. Já, para outros, a música é “vida”, a fórmula para se viver bem.
Há muitas coisas boas e ruins por trás das músicas. Há prazer, dinheiro, amor, impureza, etc.
O tempo vai passando e o gosto mudando e, nesse mesmo circuito, o estilo também muda. Há coisas que um adolescente de dezesseis ou dezessete anos não vê na música, mas uma criança de dez anos vê e sente com clareza.
Não basta só escutar a música, é preciso senti-la no coração!


Débora Rafael de Morais

terça-feira, 13 de dezembro de 2011






Filosofia de cabeça para baixo
Uma perspectiva do tempo...



Eu olhava o mundo de cabeça de para baixo. Ele me parecia imenso visto daquela maneira, o tempo se insinuava longo, o futuro distante, dias imensuráveis, o fim deles, inimaginável. Eu era um menino com a cabeça enfiada por entre as pernas vendo o mundo às avessas e cogitando uma adultice inatingível.
Lá se vão quatro décadas desde aquela filosofia de menino de cabeça para baixo. O problema é que a adultice não estava tão distante assim, o tempo é coisa mais fugaz do que jamais imaginei. Cá estou, do lado de cá da quimera, adulto e com todas as fadigas que pude arrastar de lá para cá. É preciso que se pense seriamente no tempo para poder usufruir as coisas menos sérias que ele tem... Suas melhores coisas. A vida é bela porque é breve (que contradição!) e é perigosa porque é temporal. O fim faz a vida ser assustadora, mas também é ele, esse fim iminente, que a faz surpreendentemente preciosa. Cada minuto pode ser o último, cada beijo, cada cor, cada página de um livro... Tudo pode ser derradeiro, ou, quem sabe, repetir-se por décadas... Não saber é a questão. Fui às escrituras, conselheira maior, a fim de compreender tal coisa.
Nas palavras do escritor sagrado encontrei a fugacidade e a beleza – Conceito primevo de sabedoria. Dizem que os anjos nos invejam porque a perspectiva do fim faz cada instante ser único e, acrescento por conta das minhas próprias dores, irrepetível. Vêm as escrituras, filosofia do Deus eterno, e diz que antes que os montes nascessem ou que a terra se formasse Deus é de eternidade a eternidade... Conceito para os teólogos digladiarem. E eu, o que sou? Pó que o vento leva, como o dia de ontem que se foi ou como os mistérios da noite. A palavra que me define não para aí, é poética para embelezar e triste para me fazer um pouco menos tolo... É isso o que a brevidade, por fim, deveria nos dizer. Sou como um sono, como a relva que floresce na madrugada e à tarde, murcha e seca... Acabam-se os meus dias como um breve pensamento, tudo rápido como um vôo... E o fim? “Ensina-me a contar os meus dias para que alcance um coração sábio”. É preciso lembrar, esse é o conceito do Deus eterno e não o do menino de cabeça para baixo.
Assim é, eu olhava o mundo às avessas e talvez isso seja mais sábio do que vê-lo agora, adulto e de cabeça direita. A diferença? Valores e a praticidade, já que vivemos num mundo pragmático, de vivenciar cada minuto como se as coisas não tivessem fim. O que realmente valeu a pena nessas quatro décadas? Amar pessoas, conhecer a Deus, fazer as coisas aparentemente menos úteis. As melhores lembranças moram aí. O resto é efêmero. “Louco, esta noite pedirão a tua alma”...


Paz e a gente se fala pelo tempo que ainda nos resta...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011



Eu queria
Coisas úteis e inúteis


Passo sempre por uma estrada que margeia o vale de um rio pequeno. Nas encostas desse riacho sobe uma colina que se multiplica em três ou quatro elevações, verdes, parecendo coisa nova... É sempre o fim da tarde o meu caminho por lá. O carro mais devagar para acompanhar as intenções da minha alma, um propósito lúdico de flertar com o cume da colina. Eu queria estar lá, muitas vezes sonhei com ela, armar lá uma tenda em noite estrelada, daquelas do mês de julho, ver as horas passar, contar as mesmas estrelas, arrepiar a pele com o friozinho das madrugadas em tempo de seca... Eu queria dormir naquela colina.
Por que não posso?
Queria outra coisa. Minha cidade é pequena, plantada no meio de morros e igarapés, acidentada... Mas tem, a cada dia, um por do sol de encher os olhos. Eu queria andar por ela todos os dias nessa hora de seus últimos raios de luz. Lá, parece que o sol digladia ou que o tempo se torna, de repente, preguiçoso, arrependido de ter sido tão ligeiro, tentativa explícita de durar um pouco mais. É pura reflexão, o fim de um pedaço e o começo de outro. Todo dia é assim, e eu queria, em todos eles, estar lá...
E isso também não pude.
Queria ficar sozinho com os meus livros. Ah, os meus livros! Por que tenho esse incômodo sentimento de “culpa” quando esqueço o resto do mundo para ficar com eles? É que de uma página à outra as horas se vão (e as acho tão pequenas) e coisas mais úteis e necessárias deixam de ser feitas. Então, por que amo os livros “inúteis”? Por que acalento historias de muita fantasia e pouca praticidade? Eu queria tomá-los e com eles partilhar um tempo sem fraturas... Também isso me foi negado, mesmo que o fim fosse belo.
Eu queria... Queria... Queria...
Por que não?
Pois fui ao templo às 23:00 para orar... Esse foi o tempo que sobrou? Talvez, porém, surpreendentemente, minha alma dançou de prazer. Paradoxal? Possivelmente. Não dormi na colina, não me encontrei com o sol para ouvir suas confidencias ao fim do dia e meus livros ficaram um dia a mais na estante, eu estava cansado... Porém, a paz veio por outra bifurcação. O dia foi duro, as obrigações insistentes e o tempo pequeno. Nem sempre é possível fazer o que se quer. Corri pela manhã na labuta com as coisas “arranhosas” do ministério, pela tarde me debati com pessoas, corri na direção do reino de Deus, caiu a noite e eu ainda trabalhava... E o tempo foi mesmo pequeno para um dia peculiarmente cansativo, porém pleno de uma presença prazerosa.
Às 23:00 fui ao templo... Às vezes não fazer o que se quer pode trazer paz porque o centro do ser humano é a vontade de Deus. Cansar-se nela é refazer-se por ela, como o faminto que abocanha o pão. Assim, exausto, debrucei-me no banco do templo e sorri. Minha primeira palavra na oração daquele dia foi: “Ah, Senhor, eu queria agradecer”...
Eu sei, o tempo passará e a vida é mesmo séria, mas não abro mão dos pedaços “inúteis” dela...
Sei que vou dormir naquela colina...
Vou me encontrar com o sol na intimidade da sua hora , quando ele tenta se esconder nos morros da minha cidade...
Vou dar tempo aos meus livros...


Paz para você e a gente se fala também pelas coisas que você quer...


Eliel Eugênio de Morais
Pastor