sábado, 11 de julho de 2009

SOBRE AS ESTRELAS DE UMA NOITE RIBEIRINHA


Não sei há quanto tempo foi. Talvez mais de dez anos. Era noite fria do mês de julho, estávamos às margens do Guaporé com alguns jovens no programa de férias da Missão Renascer. Foi num povoado boliviano. Noite fria e pouco sono. Saí para andar um pouco na noite. E lá, a voz de Deus se fez ouvir. Olhei o céu, milhões, bilhões de estrelas. Estrelas sem fim... E eu ri. Estava ali para ser surpreendido!
Entendi que eu era assim. Elas eram como os sonhos, meus e de todos os jovens que estavam naquele projeto. Pareciam poderosas, invencíveis. Porém, na manhã seguinte, não mais existiriam. Ri da minha tolice, tremi por minha paixão, entendi as palavras do meu amado Deus.
Lembrei do livro de Gênesis. Quão tolo Abrão foi! Era velho e tinha uma palavra de Deus. Só que se cansou de esperar e pensou que sua herança viria mesmo de um escravo que habitava sua casa. Tolices da pressa, da impaciência. Coisas muito parecidas com as que vivemos hoje. Quantos estão caindo numa areia movediça de coisas rudas, apressadas e superficiais. Então, Deus chama esse homem para fora e lhe fala das estrelas. Manda que as conte. E eu me pus a pensar: como contar as bilhões que estavam no céu daquela noite ribeirinha? E falou para Abrão sobre a tolice de suas imperfeições, entre elas a precipitação, aquela coisa mórbida de acreditar que Deus lhe reservava somente coisas difíceis, problemas e lutas, que sofrer era seu destino. Podia ele contar as estrelas? Deus lhe perguntou isso. “Podes contá-las?” Então sua voz foi como o encanto daquela fria noite de julho num distante povoado boliviano. Deus disse que as estrelas eram como as bênçãos que tinha e que a herança prometida nasceria de seu próprio ventre. Era algo novo, gerado no próprio Abrão, e não o fruto de uma escravidão. Digo hoje, não confunda isso com a parca teologia da prosperidade. Não é isso. Aliás, “isso” é uma das tolas e vazias crendices que se tem espalhado por aí. O que Deus fala é de alma pura, adoradora, livre. As coisas de Deus são geradas dentro de sua alma e não é fruto de nenhuma escravidão, nem do consumismo, do hedonismo, da impaciência, sentimentos turvos...
As estrelas são um convite à reflexão e, por fim, à confiança, á renovação de uma paixão capaz de fazer tremer o corpo e de sonhar o espírito, acreditar outra vez e descansar nas promessas de Deus... Elas não são uma batalha. As outras coisas, muitas delas... São apenas tolices, inclusive aquelas escravidões que insistimos em guardar dentro de casa, como se fossem herança. Deus chama para fora: venha ver as estrelas!


Paz e a gente se fala!

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 19 de novembro de 2008.

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