sábado, 11 de julho de 2009

O CAMPO E A PÉROLA DE FINO VALOR

Os escritores da história dizem que a expressão “nascer de novo” é nova no meio cristão ocidental. No século passado entre, principalmente, os negros da América, a expressão para definir o encontro com Cristo era “ser ferido por uma enfermidade incurável ou ser tomado de grande perturbação”. Que expressão extraordinária para referir-se a uma troca profunda dos valores internos. Ser ferido por uma incurável chaga de amor, ser tomado pela perturbação de uma luz que a nenhuma escuridão poupa, mas que a tudo envolve e a tudo espera.
Isso é um grato esclarecimento da procura feita pelo amor de Deus. O ser humano é um ente dividido, bem capaz de jogar sua alma numa corrida insana por baixarias, palavrões, iras... Coisas da cultura do lixo, que alguns apostam nela para se dar bem. Eles sabem que nossas almas são vazias e deprimidas, ressentidas e perdidas... E apostam nisso, confiam que nos dividiremos e jogaremos nossos valores num charco de lodo. É uma multiplicidade de coisas, e o coração se vê aflito, fracassado, correndo atrás de sexo, álcool, dinheiro e tantas outras doenças. Tem gente apostando nisso para se dar bem com a miséria das nossas almas.
Aí vem a boa noticia. Todas essas fraturas são curáveis. Lembra do negociante de pérolas? Pois ele encontrou uma de fino valor e foi ferido por sua beleza singular. Então foi, vendeu tudo o que possuía e comprou o campo onde ela se encontrava. Trocou uma multiplicidade de doenças e procuras, até de mediocridades, por uma chaga de amor e luz. E essa luz era sim, incurável, preciosa e bela. É claro que muitas das torpes ganâncias da alma ainda ficariam esperneantes, zangadas, tentando sobreviver a essa rajada de luz. Porém, esse grande amor é um processo, como a luz da manhã que vai clareando cada vez mais até ser dia perfeito. A cada dia uma nova chaga, a cada noite uma gratidão. A pérola de fino valor não se encontra nas ameaças às nossas fraquezas, mas na súplica e na aceitação.
Então, este comentário termina dizendo que o amor tem suas próprias exigências. A pérola excelente, e de valor excelente, não é barata, não se acha nas filosofias dos botecos de esquina ou nas idéias chafurdadas no “eu sou assim” e pronto. Essa pérola não poupa nada e espera tudo. Nenhum dos itens do lamaçal humano escapa dessa luz flamejante e dessa cura incurável, e nenhum dos sonhos, mesmo o mais singelo deles, ainda que sonhado na solidão de um travesseiro, se furta à expectativa dessa chaga de amor e luz. O preço disso? Simples e complexo assim: é que somos chamados a amar completamente.


Colorado do Oeste, 27 de Maio de 2009

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