PERSUASÃO

Jesus,
Não conheço palavras capazes de iluminar sua persuasão,
O teu chamado não é um conceito, é carne viva!
Contém substâncias de sangue que corre nos pulsos
E move-se segundo a ação do coração,
Ação da víscera que pulsa!
Jesus,
Teu ministério é vida,
E minha vida foi consumida pela brasa que acendeste,
Quero, penso e amo a verdade de saber que não posso mais evitar
O campo,
Teu chamado consumiu minhas próprias vontades...
Mas, Cristo,
Hoje abro a alma diante dessa vida
E peço socorro para desligar-me dos conceitos,
É carne viva... E carne é dor que dói,
É alma que busca freneticamente um que de sólido para sua
Segurança!
Apesar de tudo,
Sinto o espírito estremecer de medo porque me mostras o campo,
Vejo o campo...
Ele irá me separar dos conceitos que estão no sangue e na mente,
Estão implícitos...
Mas o campo é grande demais para que possa levá-los.
O Senhor os arrancará de uma carne viva!
Sei que compreendes porque venho dizer que o campo faz doer.
Teu rebanho está lá... Sei que vou,
Amo ter que ir com sangue e com vida.
Dá-me segurança, não quero sentir a alma frenética.
“Por que te abastes ó minha alma e por que te perturbas dentro
em mim”?
O campo!
Não existe como definir, não posso expressar,
Mas o campo está vivo...
Nele movem-se ovelhas estranhas, sujas...
Mas, suas, muito suas!
Sinto desejo de chorar por elas, nunca as vi, mas sei quem são.
E as amo com vida!
Será que me valerão a separação?
Tu o sabes...
Sabes tanto de mim,
Sabes tanto da paz que preciso ter.
Tu és a paz da comunhão que mais admiro,
Da força que dás e do quanto és especial em mim.
És Deus,
E eu, um prisioneiro da liberdade de sua vontade,
Que foi persuadido a amar as ovelhas que estão no campo.
Jesus,
Dizendo do profundo, é por estas ovelhas que vou ter que me trocar.
Isso é o campo que vejo,
E essa é a dor que venho expor...
O quero ainda assim,
O Senhor me persuadiu!



Chuvas de março em 1986