quarta-feira, 12 de agosto de 2009

OLHAI O IPÊ DO CAMPO


Ainda ontem eu andava pelas ruas de Colorado do Oeste. Poeira e sequidão. Porém, o contraste estava de novo lá, como em todos os anos, nesse mesmo tempo de agrura e ventos, o ipê amarelo, como uma dança de sensibilidade e contraste. É ele, o dom que usa a ventania de agosto para figurar uma súplica pela esperança. Parece que foi dado para nos lembrar de palavras que estão acima das custosas necessidades e preocupações humanas.
Jesus bem que falou disso. Ele discorreu da ansiosa solicitude pela vida. Sua palavra é como ipê de agora, um convite a deliberarmos sobre algo que nos é custoso: perceber que a vida não é só a labuta com as coisas do chão. Suas palavras são uma interrogação e, a interrogação é uma incursão aos valores da alma. “Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestuário”? é que aí reside o grande paradoxo de saber que as necessidades das coisas terrenas são reais, mas existe a simultaneidade de compreender que elas não são tudo. A alma necessita de outras, das quais se alimenta e nas quais se encontra a si mesma, é aí que ela ri, adora, se completa...
Olhai os ipês do campo, o que fizeram para receber tamanho adorno? Parafraseando Jesus Cristo digo que nem mesmo o Rei Salomão em toda sua riqueza e glória se vestiu como qualquer deles. Se Deus assim os vestiu, quanto mais o fará por vós, homens de pequena fé? Aí se descortina outra palavra dificultosa para o ser humano: o que é pequeno não é o que é desvalorado, pelo contrário, é o que pode dilatar. É Que Jesus falava da fé e ela é algo que pode aumentar de tamanho. Por isso, feliz é o que se acha pequeno. Esse texto lança mão da figura do ipê, transliterando as palavras de Mateus para suplicar a atenção de sua alma para as coisas que não são meramente terrenas, essas que Deus bem sabe que delas necessitamos. Porém, buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas essas demais coisas serão acrescentadas. É que todas “essas coisas” têm, diante da sublimidade das que são eternas, o gosto adocicado da sobra.
Portanto, não andeis ansiosos perguntando e sofrendo: como será amanhã? O que vou fazer? Olhai os ipês espalhando cachos de beleza pela cidade e pelo campo. Deus sabe que necessitas de todas essas coisas, mas procure em primeiro lugar o seu reino. É das coisas do reino que a alma se alimenta. Fé e amor são coisas que podem dilatar, sempre. Lembre-se, sem isso, a alma não ri, não adora, não é plena.

Paz e a gente se encontra pelos ipês espalhados por aí...

Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 12 de Agosto de 2009.

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