quarta-feira, 28 de julho de 2010

sobre Elvis e Lia - E um pouco de profecia


Nunca antes falei dessa mulher. Lia é seu nome. É mais fácil falar de Raquel, que era bela, amada, leve como uma gazela nas campinas da antiga Harã. Lia, não. Era a mais velha, vesga, deixada de lado, feita esposa de uma marido que queria mais a sua irmã do que a ela. Esse é panorama de uma pessoa, figura de tantas outras, mesmo que muitos milênios já tenham ido embora.
Mas, Lia tinha algo que a bela Raquel não tinha. Lembro que no livro do gênesis o grande patriarca chorou ao conhecer Raquel e que se irou por causa de Lia. Ainda assim, por alguma razão, Deus deu-lhe os filhos que Raquel não tinha. É preciso recosturar o texto para encontrar sua eficácia e segredos. Lia sofria de um amor defeituoso, sofria com seus olhos atravessados, sofria com a preferência do marido pela beleza da outra... Sofria... Porém, aí está o mistério: de seu ventre nasceram Judá e Levi, tribo dos sacerdotes que ministravam nos templos e a tribo dos Reis, os descendentes de Jesus Cristo.
Falei de Lia para lançar um pouco de luz sobre uma palavra afogueada: profecia. Profetizar verdadeiramente é dizer algo do futuro, próximo ou distante, uma coisa que acontecerá ou que já foi, sendo que esse dito vem da boca de Deus. O profeta do Velho testamento viu um vale de ossos secos e ouviu uma pergunta: “Podem viver esses ossos”? E a ordem: “Profetiza sobre eles”. Lia era um osso seco nesse vale. Sozinha, triste e desprezada, mas, de alguma forma efervescente e fatal, a profecia pairou sobre ela.
Quero digladiar com meu pensamento. A profecia, palavra letal de Deus, é investigadora e flamejante, desnuda a santidade, labuta com o amor, arranca os chafurdados no sono da superficialidade e do legalismo. Um cantor popular, talvez o maior deles, disse numa de suas músicas que gostava de estar na terra do algodão e que seus velhos tempos não seriam esquecidos. Ele mesmo canta: “Na terra onde nasci, em uma manhã gelada, olhe longe... Glória, aleluia, vencendo vem Jesus... Aquiete-se querida, não chore, você sabe que seu pai vai morrer... Minhas tristezas, Senhor, logo acabarão”... Ele sofria. São palavras de Elvis Presley. Dizem que ele, como a Lia de Harã, cantava essas músicas nos momentos de dor e que foram elas que o levaram de volta para casa. Até hoje não sei o que quiseram dizer com a expressão “de volta para casa”. Penso que pode ter sido só música, nada mais, ou, quem sabe, a força de uma palavra profética flamejante no meio do charco de podridão no qual vivia. Podia Elvis viver? Eis a pergunta ao profeta, afinal, não era ele um osso seco no vale? Uma coisa só a mais, é que ele também disse, como um osso no vale do deserto: “Sublime graça, fui achado, estava cego, mas agora vejo. Não diga onde posso ir sem ser para o Senhor”.
Por fim, Elvis e Lia, foram a mesma coisa. Ela, eu sei que a profecia adentrou sua intimidade, a arrancou de si mesma e, por isso, foi mãe de sacerdotes e reis. Ele, sei apenas da dor que deixou em palavras como as citadas aqui, não temos a história das escrituras a nos contar nada mais. Assim, se foram palavras verdadeiramente proféticas, nunca saberemos, só Deus terá para si esse segredo.

Paz para você e a gente se encontra pelas profecias dos filhos de Deus...


Eliel Eugênio de Morais
Pastor

Colorado do Oeste, 28 de julho de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário