segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pouso de Emergência


Hoje, pela manhã preguiçosamente ensolarada de agosto, fui cuidar do meu pequeno jardim e me deparei com uma cena muito tocante. Gostaria de compartilhar essa breve vivência com você.
Ao me aproximar para regar um alecrim em fase de crescimento encontrei uma abelha grande, linda, pousada na planta. Observando melhor, vi que ela carregava uma enorme bagagem de elementos extraídos da natureza e que estava tão pesada que a impedia de permanecer equilibrada. Não conseguia nem mesmo andar. A abelha estava irritada, debatendo-se, parecendo querer voar, mas não conseguia porque a carga era desproporcional em relação ao tamanho do seu corpo.
O habilidoso animalzinho provavelmente se desgarrara de seu grupo de trabalho, seu enxame, e estava ali preso ao resultado do seu próprio esforço. Queria voar, se juntar aos demais semelhantes, mas estava impedida. Estava presa.
Imediatamente me recordei de um texto do Evangelho de Mateus, no qual Jesus traz um profundo ensinamento: “vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso”
De fato, vivemos em um mundo tão acelerado pelas atividades, afazeres humanos inegavelmente importantes, mas que, não raras vezes, estão se tornando obstáculos para nossa felicidade, nossa serenidade, nossa paz interior e o convívio com as pessoas que amamos.
Diante desse chamado do Mestre a “todos os que estão cansados”, fico pensando que, como a abelha que encontrei pela manhã, provavelmente, você também pode estar se sentindo assim neste momento.
Voltando à minha inesperada amiga abelha: ao regar suavemente o alecrim, a água fez com que a bola de matéria prima para a fabricação de mel se desprendesse e ela pode voar rapidamente para o alto, certamente em direção ao seu destino.
Com essa vivência aprendi que é preciso buscar o equilíbrio entre o ser, o fazer e o ter. Nossa alma almeja o alto, o vôo livre no qual devemos carregar apenas o que for suficiente para a viagem e para contribuir com a grande obra coletiva da humanidade.
Como a água que, ao cair sobre a abelha, desprendeu seu fardo escravizante, que as palavras sagradas “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”, caiam como gotas maravilhosas para hidratar sua alma, tão sequiosa de luz e absolutamente vocacionada para voar mais alto.
Mas, se as circunstâncias da vida ou a sua própria iniciativa o conduzirem a algum “pouso de emergência”, não se irrite e nem se debata, porque o Mestre disse: “encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve”. E você poderá, feliz, retomar o seu vôo, nesta viagem de buscas e descobertas.

Aluísio Alves

4 comentários:

  1. Este texto, que encontrei beleza nele, é de autoria do amigo da minha amiga Rose, o Aluísio Alves.Tomei a liberdade de postá-lo, na esperança que o Aluísio não se importe de partilhá-lo nesse espaço de edificação para tantos...

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  2. Aahh !Ao ler o texto achei que era seu.. já ia pedir autorizaçao pra postar no meu blog tbm...bjooo saudadeee

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Prezado amigo Eliel, fiquei muito feliz por ter postado o texto POUSO DE EMERGÊNCIA. É para compartilhar mesmo e se Tassi quer postá-lo no seu blog também, melhor ainda...fraterno abraço e muito obrigado pelo carinho da postagem...

    Aluísio Alves
    Minas Gerais

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