quarta-feira, 16 de junho de 2010

SOBRE UMA DE TRÊS PESSOAS


A segunda pessoa

Uma menina sem nome. A própria formação do texto no livro dos Reis não a identifica. Diz somente que as tropas da Síria, sob o comando de seu mais ilustre general, vieram vitoriosos da batalha e trouxeram cativa uma menina da terra de Israel. Ela chegou, sem nome, sem parentela, sem companhia... E foi servir à mulher de Naamã.
E foi assim, servindo a uma pessoa estranha, numa terra estranha, uma cultura estranha e uma religião estranha... Seus captores adoravam um deus chamado de trovão, e que era também o deus do vento, da chuva e até das tempestades. É certo que seus pais haviam sido mortos pelas tropas do ilustre Naamã. Tudo assim, dramático, injusto e doloroso. Porém, é necessário refletir nas atitudes dessa menina frente aos acontecimentos que se seguem.
Era uma criança hebréia, provavelmente uma adolescente para os dias atuais. Era hebréia, e certamente fora ensinada que a mão de Deus estava sobre sua vida, como havia sido com José no Egito, com o Rei Davi, com Rute num país estranho e tantos outros. Esse é o primeiro confronto com a situação adversa dela. A segunda, foi que estava comprometida com um Deus de misericórdia, em contraste com a solidão, a raiva e a depressão que se esperava dela. A menina tinha uma relação fundamentada na misericórdia, coisa da intimidade, e isso construía a paz em sua alma. Por isso não se deixou amargar pelo ódio, não foi lesionada pelo ressentimento e nem adormeceu pela depressão. Foi isso que a fez ver duas coisas que só os limpos de coração podem enxergar: ela viu no líder do exército inimigo uma carne apodrecida pela lepra e uma alma perdida no meio dos deuses, dos ventos, das chuvas e das tempestades. Foi aí que ela falou da sua terra, do seu Deus e do seu profeta...
Essa é a segunda pessoa dessa trilogia, uma menina sem nome, que, pelo fato de não se deixar envenenar pela vingança, pelo ressentimento e por não dormir seus olhos na depressão, viu sua fala mover um general, dois reis e um profeta, a ponto de quase provocar um incidente internacional... Isso, porém, ocasionou um dos maiores episódios de cura e libertação da história bíblica.
Assim, sem nome, mas que acreditou numa coisa simples: Deus estava com ela, como foi com José no Egito, sua relação com Deus descansava na misericórdia, isso a livrou das fobias de sua alma e lançou sua história nos livros dos reis para as gerações vindouras. O que ela deixou? A capacidade de ser livre quando tinha tudo para ser triste, vingativa e depressiva.

Paz e a gente se encontra pelos anônimos enviados por Deus...
Eliel Eugênio de Morais
Pastor

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